A moda “folia-chique” é uma alternativa para o varejo ampliar as vendas no período de Carnaval, tipicamente ruim para o comércio. Para algumas grifes, esta festa começa a se tornar uma importante data para faturar mais.
A grife de roupa feminina Maria Filó ampliou a coleção especial para este Carnaval: de 1,8 mil peças em 2015, para 2 mil peças neste ano. Cada kit tem uma camiseta e um adereço, que pode ser uma varinha de mágico ou um tapa-olho de pirata, por exemplo. Em 15 dias, o faturamento com a linha carnavalesca pode somar quase R$ 300 mil.
A ideia é pegar o que o cliente já tem no armário e adicionar uma nova fantasia que possa usar sem ficar caricato e desconfortável”, “diz a diretora de criação da Maria Filó, Roberta Ribeiro.
A estimativa é que os blocos no Rio levem às ruas mais de 5 milhões de pessoas. E o crescimento do Carnaval de rua nas principais cidades do país parece ter ligado o alerta nas grifes, que passaram a investir mais em coleções especiais para a folia de Momo.
As marcas masculinas usam a maior festa popular do país também como uma estratégia de marketing. É o caso da Reserva, que criou dez modelos de camisas com frases e desenhos bem-humorados, e da carioca Foxton. As duas vêm investindo em vitrines para o Carnaval há três anos – a coleção, embora não salve o mês das fracas vendas, pelo menos reafirma a identidade da marca.
A Richards decidiu não investir em uma linha exclusiva para o Carnaval, mas oferece aos homens um linha de verão que pode ser perfeitamente usada na folia, diz o diretor de criação, Marcello Gomes. Em época de recessão, a grife preferiu investir em uma minicoleção que não esteja restrita a um período de poucos dias. “Hoje o nome do jogo é não sobrar, é melhor vender a quantidade certa na hora certa”, diz Gomes. “É importante sempre ter uma coleção fresca, nova, com estampas e cores”.
Há oito anos, a carioca Farm voltada para o público mais jovem produz linha de fantasias para o Carnaval. “Inicialmente, não havia demanda, mas começamos porque a Farm é uma marca de comportamento e viu, no início da retomada do Carnaval de rua, oportunidade para ligar a marca à folia”, diz o sócio-fundador da grife Marcello Bastos.
Na fábrica da Farm são produzidas quase 10 mil peças femininas, dentre elas, fantasias de girafa, mágico e pirata. Há também calçados e adereços. Os preços variam entre R$ 150 e R$ 400.
Com 74 lojas no país, a Alphabeto, de roupas infantis, lançou em janeiro coleção com nove fantasias, informa a gerente de marketing, Cecilia Maia.
Sem revelar números de faturamento ou de investimentos, a executiva revela que, com o lançamento das peças de Carnaval, a empresa vendeu 12% a mais do que costuma vender nos meses de janeiro e de fevereiro – época mais fraca de vendas para o varejo. Diz que iniciou essa estratégia há cinco anos, com apenas duas peças. A resposta foi tão positiva que tem elevado o número de fantasias a cada ano. “Ano passado tínhamos quatro fantasias apenas”, afirma. “Já acabamos quase todo o estoque [deste ano]”, acrescenta ela, sem detalhar números.
A onda carnavalesca também foi a aposta da marca de roupas femininas Zinzane, lançada pelo casal Renato Villarinho e Claudia Richa em 2004 e conta com 100 lojas em todo o país. De acordo com Claudia, a empresa decidiu, além de fabricar uma camiseta inspirada no Carnaval, lançar editoriais de moda para ensinar a clientela a combinar peças da marca para elaborar uma fantasia.
As vendas da Zinzane dobraram neste mês de janeiro em relação a igual mês do ano passado. “Vendemos quase tudo”, afirma Claudia, acrescentando que deve repetir a estratégia no Carnaval de 2017. A empresa também fez parceria com o bloco carnavalesco Monobloco, cujos integrantes vão usar 700 camisetas estampadas com o logotipo da Zinzane.