Metragem reduzida, complexidade logística e mudanças no perfil de compra de cada unidade demandam uma definição ainda mais assertiva
Por Tatiane Tamboukian
A tendência de praticidade e imediatismo, que é cada vez mais crescente e tende a se manter, está impulsionando o mercado de ultra conveniência no Brasil, realidade antes mais presente em países como os Estados Unidos. Tanto que os supermercados 100% autônomos, lojas sem funcionários em que o consumidor realiza sozinho suas compras, tem apresentando crescimento e grande potencial de desenvolvimento.
A Zaitt , pioneira no negócio, iniciou suas atividades em 2016 e já tem projeto ousado de expansão, com a abertura de 500 lojas até 2023. Cada unidade tem uma média de 35m2. “Lojas de metragem reduzida têm o desafio de ganhar em escala. A meta é chegar em faturamento de bilhão para ter poder de barganha e controlar a distribuição. O desafio é sair de uma empresa média com custo de empresa grande. A partir de 500 lojas as coisas fazem mais sentido. pois é feito um alto investimento em tecnologia que não se sustenta com poucas lojas”, diz Rodrigo Miranda, CEO e fundador da Zaitt, durante conversa no Papo de Varejo.
Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores , também participou da conversa e ressaltou a importância de definição de sortimento neste modelo. “Há uma grande complexidade de mix, assim como nas lojas de proximidade. A oferta é muito diferente dependendo da localização. Há uma complexidade logística e de definição das categorias. O mesmo cliente tem uma jornada saindo da academia e na hora do almoço no escritório ou a caminho de casa. São momentos que exigem produtos diferentes. O fato de estar logado para as compras é muito diferente, porque assim vemos o comportamento do consumidor, em cada loja e momento, não somente o consumo da região”.
Miranda ressalta que é preciso desenvolver uma estratégia única para cada loja, analisando qual o fluxo e a que horas ele é mais intenso, pois dessa forma todo mix de produtos muda, além de como se diferenciar da concorrência. “A tecnologia traz a vantagem de poder customizar. Lojas com metragem reduzida tem que ser muito mais assertivo no sortimento. Na loja de conveniência tenho que saber muito bem quem quero atender e não dá para ter diversas alternativas, muitos produtos vão ter só uma marca. Isso aumenta a complexidade de definição de sortimento mais do que já é no varejo para poder rentabilizar o metro quadrado“, diz o empresário, que conta que antes de abrir uma unidade realizam uma pesquisa observando o perfil da região e público passante para pressumir o consumo e mix ideal, o qual pode ser ajustado com os dados obtidos após funcionamento.
Por consequência, a logística também é bastante complexa, pois além do desafio de não ter rupturas em um sortimento enxuto, não há espaço para estoque, especialmente quando o fluxo é intenso. “Quanto menor a loja, maior o desafio de não ter ruptura e trabalhar reposição, maior o desafio de ter controle sobre todos os números, de definir o que vem do meu CD, o que o fornecedor entrega direto. É preciso entender que tipo de logística é melhor, se terá que ter um estoque avançado perto de determinada loja de fluxo maior para poder fazer uma reposição com mais frequência”, disse a consultora.
Fonte: S.A. Varejo