A compra de um barbeador elétrico pela internet, em junho deste ano, se transformou em um processo no Juizado de Pequenas Causas em Juiz de Fora (MG). O comprador, Renato Marques, pediu um aparelho da marca Phillips, mas o que chegou à casa dele, quase dois meses depois, foi um barbeador ‘Phsispis’. Era uma clonagem, imitando o formato e a embalagem do original.
Este tipo produto é combatido pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria (FNCP), que cita outros exemplos. “A gama é enorme. Já vimos aparelhos ‘Sonya’ [análogo à Sony]; tênis ‘Mike’ [Nike] e ‘Abibas’ [Adidas], celulares ‘Nokla’ [Nokia] e ‘Samsumg’; roupas ‘Kovein Klein’ [Calvin Klein]”, enumera o presidente do FNCP, Edson Vismona.
O problema, segundo Vismona, é que seria de se esperar que estas marcas circulassem apenas no comércio ambulante, mas o caso de Marques ilustra o contrário. “Não é comum e não deveria ocorrer, mas temos verificado que produtos ilegais têm ocupado espaço em revendas conceituadas, iludindo o consumidor, que jamais vai imaginar que, comprando nas grandes redes varejistas, irá receber produtos ilegais. Já constatamos isso com videogames e, recentemente, lâmpadas LED”, diz Vismona.Falsificados
Marques diz ter entrado na Justiça por insatisfação. “Fizeram uma proposta para que eu ficasse com o produto ‘Phsispis’ e eles ainda me devolveriam o valor pago. Mas eu não aceitei e questionei sobre a qualidade e a origem do produto. Eles me falaram que se tratava de lojista da China”, diz o consumidor. Casos como o dele, de marcas clonadas, ainda são raridade.
O Metro Jornal fez um levantamento, sem valor oficial, no site Reclame Aqui, buscando pelos termos “falsificado”, “falsificada” e “pirata”, e não encontrou episódio semelhante. Mas a pesquisa revelou uma média de 7 casos por dia, só em agosto de 2017, de reclamações de que o produto comprado no ‘marketplace’ (modelo em que lojas menores vendem produtos no site das grandes varejistas, que servem de ‘hospedeiras’ na internet) não era original, ainda que parecesse.
No caso do barbeador ‘Phsispis’, um episódio paralelo indicou que se trata, de fato, de mercadoria chinesa. No dia 7 de agosto, a Receita Federal apreendeu, no Porto de Paranaguá, 130 toneladas de contrabando – um recorde para o porto – vindo da China. Entre os produtos, havia caixas do barbeador ‘Phsispis’.
Marketplace mais seguro
Adotada no Brasil em 2013 e consolidada nos anos seguintes, a venda por marketplace é apontada pelos grandes lojistas como responsável pela insegurança que ainda existe nas compras online. O marketplace aumenta o leque de produtos à venda, mas a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) reconhece que o baixo controle de qualidade das parcerias abre brechas à entrada de falsificados.
As queixas mais frequentes são com celulares, tênis, perfumes e itens de informática, como HDs externos. “É difícil controlar todos os parceiros, mas as empresas estão buscando soluções”, diz o presidente da SBVC, Eduardo Terra.
Fonte: Paraná Portal