Intenção é melhorar a experiência no trajeto final da compra e superar a demora, que é motivo de insatisfação
A entrega rápida, segura e por um custo baixo das compras feitas no comércio online é a nova aposta do varejo para se diferenciar da concorrência, na avaliação do professor da Fundação Dom Cabral, Fabian Salum. Isso explica a corrida de grandes grupos varejistas para alugar galpões menores em áreas próximas dos mercados consumidores, a fim de descentralizar a distribuição.
Melhorar a experiência do cliente no chamado “last mile” (a última milha), o trajeto final de uma compra online, tem concentrado os esforços de lojistas em várias partes do mundo e também no Brasil. A intenção, explica Salum, é superar alguns dos maiores motivos de insatisfação de quem opta pelo e-commerce: o prazo de entrega e o valor do frete.
O Magazine Luiza, por exemplo, ampliou em 25% a área de armazenagem no ano passado e fechou 2018 com mais de 400 mil metros quadrados. Foram dois novos centros de distribuição em Hidrolândia (GO) e Teresina (PI), num raio de 30 quilômetros, fora a expansão das operações no Sul e Sudeste.
“De todas as vendas que fizemos no ano passado, 30% delas estavam na casa do cliente em até 48 horas”, conta o diretor de logística, Luís Fernando Kfouri. Para isso, ele explica que precisou ter mais produtos espalhados por centros de distribuição regionais com objetivo de agilizar a entrega. Fora isso, a rede usa as mil lojas como mini centros de distribuição.
As vendas online do Magazine estão aceleradas. Cresceram 60% no último trimestre de 2018 ante o mesmo período de 2017, enquanto o faturamento das lojas físicas aumentou 24%. O comércio online responde por 40% da receita total de vendas, que atingiu R$ 5,9 bilhões no último trimestre de 2018.
Na concorrente Via Varejo, dona das bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio, além dos 17 centros de distribuição espalhados pelo País, nove entrepostos dão suporte para entregar rapidamente as compras online e as feitas nas lojas físicas. Paulo Nailato, diretor de operações da rede, diz que 50% das entregas são feitas em até 48 horas.
A Amazon, que completou o primeiro mês de operação com produtos próprios no País, não informa os planos futuros sobre a implantação de um serviço rápido de entrega, em até duas horas, como há nos EUA. A empresa informa que em algumas capitais, como na Região Metropolitana de São Paulo, “a entrega prioritária está sendo bastante adotada”.
Para o presidente do Conselho de comércio eletrônico da Fecomércio-SP, Pedro Guasti, a proliferação de marketplaces – shoppings virtuais que vendem produtos de terceiros – entre as grandes varejistas, que viram nessa prestação de serviço de armazenamento e entrega de mercadorias uma nova fonte para ampliar a rentabilidade do negócio, acelerou a procura por galpões logísticos em áreas próximas aos grandes centros.
A B2W, a maior ocupante de galpões entre as empresas de internet, e o Mercado Livre não se manifestaram.
Fonte: Estadão