Por Eduardo Terra
Em nosso artigo anterior, falamos sobre a necessidade que o atacado tem de digitalizar seus negócios para lidar com as transformações do mercado. A pandemia fez com que tendências que já se desenhavam se tornassem protagonistas: home office e transformação digital já estavam vindo, mas agora se tornaram necessidades estratégicas.
O que a pandemia fez foi acelerar o tempo: cinco anos de transformações aconteceram nos últimos cinco meses. E, evidentemente, uma mudança tão intensa gera uma necessidade de adaptação e cria grandes desafios para as empresas.
A digitalização dos negócios deve ser encarada pelos atacadistas e distribuidores não como uma ameaça, e sim como uma grande oportunidade de transformação na maneira como as empresas se organizam e fazem negócios. O atacado tradicionalmente era um negócio low tech: há dez ou 15 anos, era possível gerenciar o negócio sem contar com um arsenal tecnológico. Hoje, porém, as empresas não podem mais ser as mesmas. Sem tecnologia ele simplesmente não existe !
Ainda há tempo para fazer isso, mas é importante não esperar para ver uma grande ameaça chegar. Até porque as grandes disrupções não surgem de forma clara, como um elefante vindo em nossa direção: elas surgem como formigas pequenas e letais. Por isso, só são percebidas quando já estão ao seu redor e não existe mais saída.
Em minhas conversas com líderes do atacado e do varejo, costumo perceber uma grande preocupação com o risco de buscar a inovação sem saber muito bem o que sairá desse processo. É importante deixar muito clara uma coisa: o maior risco é não fazer nada. Setores com baixo nível de digitalização, como é o caso do atacado (em que a presença do e-commerce ainda é tímida), correm um grande risco de ficarem para trás.
É preciso inovar, mas não se deve inovar sem objetivo. É preciso inovar bem, com foco em entregar boas experiências aos clientes. Uma experiência ruim pode fazer com que a empresa perca o cliente não somente no canal digital, mas na marca como um todo. Por isso, é preciso equilibrar o senso de urgência em inovar com o risco de fazer mal feito. O atacado precisa inovar rápido e inovar bem.
A jornada de inovação é um “ato de fé”, pois não é possível comprovar o sucesso de antemão. É uma jornada em que não sabemos para onde vamos, mas em que temos a certeza de que quem não seguir esse caminho vai ficar para trás.
Uma recomendação que faço é realizar a inovação a partir de projetos que tragam pequenos ganhos rápidos e mostrem pequenas vitórias para toda a empresa. A inovação não deve ser um Boeing que demora anos e exige muito dinheiro para ser construído e gerar resultados: em vez disso, desenvolva miniprojetos pontuais, que entreguem ganhos constantemente.
E por onde começar a inovação?
Comece com aquilo que gera mais resultado para a empresa. quais são as grandes “dores” dos clientes? O que mais os incomoda? Começando por aí, você consegue agregar valor para a empresa rapidamente e, com isso, mostra que a transformação do negócio não é só possível, como gera resultados importantes.
O que trouxe sua empresa até aqui não é o que irá levar o negócio adiante. Abrace a inovação de forma inteligente e construa seu futuro.
*Eduardo Terra é presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC, palestrante internacional de varejo e transformação digital e sócio da BTR Educação e Consultoria.
Fonte: Newtrade