Por Rennan Setti | Quando Christopher Freeman comprou a centenária fabricante brasileira de produtos de higiene Granado, em 1994, o empresário inglês pagou US$ 8 milhões do próprio bolso — o equivalente a R$ 97 milhões em dinheiro de hoje, considerando a inflação americana desde então e a cotação atual do dólar. Exatos 30 anos depois, a Granado quer alcançar essa cifra novamente — mas com as vendas do próximo Natal.
A empresa carioca projeta um faturamento de R$ 100 milhões durante a temporada natalina em sua rede de cem lojas, todas próprias. Caso se confirme, o número será recorde para a data e 28% maior que o registrado no ano passado, disse à coluna Sissi Freeman, filha de Christopher e diretora de vendas e marketing da Granado há quase duas décadas. A taxa de crescimento é equivalente ao ritmo de expansão do faturamento ao longo do ano.
— Quando começou 2024, esperávamos crescer algo entre 18% e 20%, mas a velocidade está maior graças ao impulso do varejo — explica.
O que a sócia da Granado chama de “varejo” refere-se, na verdade, às lojas próprias, que representam cerca de 30% de todo o negócio. Os 70% restantes vêm do atacado: ou seja, da venda de produtos Granado e Phebo (parte de seu portfólio de marcas) em farmácias e redes de supermercados. A companhia faturou R$ 1,4 bilhão no ano passado e espera superar R$ 1,6 bilhão em 2024 — a Phebo responde por 35% do total.
Triplo de kits
De acordo com Sissi, o faturamento das lojas avança 37% ao ano. E o Natal será especialmente importante para confirmar esse desempenho, já que a data representa quase um terço de todas as vendas das lojas no ano.
— Nas lojas, crescemos em categorias com preços mais altos, como perfumes e colônias. Fragrâncias são a principal categoria da loja. No Natal, a grande aposta é nos kits de presente, com diversos produtos. Estamos preparando o triplo de kits em relação ao ano passado — acrescenta Sissi, filha de uma paulistana, mas que nasceu nos EUA (seu pai era executivo do Bank of Boston) e viveu em Londres até os oito anos, antes de se fixar no Rio.
Parte do crescimento se explica pela expansão da rede de lojas. Foram sete inaugurações em 2024, além de um novo modelo de lojas exclusivamente dedicado à Phebo.
— Já temos seis lojas Phebo. No ano que vem, a ideia é repaginá-las com o novo modelo, abrir seis quiosques e quatro lojas — disse.
Expansão internacional
Em paralelo, a Granado expande aos poucos sua presença em mercados internacionais. Nesta semana, a companhia inaugurou seu primeiro ponto em Miami, com um quiosque no shopping Aventura, e está preparando uma segunda loja em Nova York, no SoHo, em dezembro, além de sua chegada a Barcelona no ano que vem.
A presença internacional começou em 2017, com uma unidade em um dos bairros mais nobres de Paris, Saint-Germain-des-Prés. Hoje, já são três pontos na capital francesa — inclusive na loja de departamento Galeries Lafayette —, três em Londres, duas em Portugal e uma em Madri, além das unidades americanas.
— Queremos entrar na Samaritaine em Paris e vamos inaugurar um ponto fixo em Barcelona, dentro do El Corte Inglés — conta a diretora da Granado, que tem como sócio, com 35% do capital, o conglomerado espanhol Puig, dono de marcas como Paco Rabanne e Carolina Herrera. — Lá fora, nosso público principal é o consumidor estrangeiro, até porque os preços são mais elevados que os daqui, mas o brasileiro é nosso embaixador. Ele gosta de entrar na loja, fotografar, sente que está mais próximo do Brasil.
Fonte: O Globo