O GPA (Grupo Pão de Açúcar) fez novas mudanças no alto comando e no segundo escalão poucos dias atrás, apurou o Valor. Isso levou a criação de uma outra área, unindo os negócios de drogaria, postos de combustível e proximidade, e também fez a empresa voltar atrás em uma modificação de cargos ocorrida há dois anos.
A intenção é “aumentar sinergia entre áreas” e dar “mais agilidade para a tomada de decisão”, informa a empresa na nota ao Valor em que confirma as medidas. Esse movimento ocorre logo após o anúncio sobre a troca de cargos no GPA, com a saída, prevista para o fim de abril, do presidente Ronaldo Iabrudi, substituído por Peter Estermann, CEO de Via Varejo.
Conforme antecipou na sexta-feira o Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor, a empresa dispensou o diretor executivo comercial, Renato Giarola, que estava na função há pouco mais de dois anos. Quem passa a ocupar o cargo é Jorge Faiçal, até então diretor de marketing e de gerenciamento de categorias. Com a decisão, Faiçal volta a liderar a área que comandou até 2015. “Ele [Faiçal] volta para a área de onde nunca deveria ter saído. Estava subutilizado”, diz outra fonte.
Além disso, o diretor executivo do negócio de lojas de proximidade, Johnny Campos, decidiu deixar a empresa, numa solicitação feita ao grupo, diz fonte. O substituto será o francês Frederic Garcia, atual diretor da unidade de postos de combustíveis e drogarias. Desta forma, pela primeira vez o negócio de proximidade passará a ser gerido pelo mesmo diretor de postos e drogarias. Esta área passa a ser chamada de “formatos especiais”. A saída de Campos tem peso porque completa mudanças em cargos estratégicos do grupo.
Já havia sido anunciado, há um mês, que o principal executivo do braço alimentar, e chefe de Campos, o espanhol Luis Moreno – e nome indicado pelo controlador Casino – deixou o cargo e se tornará consultor do GPA após abril. Logo após o anúncio, dirigentes do procuraram explicar a analistas a decisão da saída de Moreno, que surpreendeu o mercado.
Além de Campos, o executivo Marcos Samaha, também subordinado a Moreno, e diretor de operações de Extra, deixou o grupo em fevereiro. Samaha foi desligado após encolhimento do Extra dentro do GPA. As funções de Samaha foram incorporadas pelo diretor da rede de hipermercados, Alberto Calvo. No fim das contas, Marcelo Bazzali, diretor de Pão de Açúcar, também abaixo de Moreno (há sete anos no GPA) é o único nome da linha de frente do braço alimentar que permanece no grupo.
O Valor ainda apurou que dois executivos que se reportavam a Giarola também saíram. Robson Parreiras foi desligado da função de diretor comercial de perecíveis, assim como Luis Claudio Haas, até então diretor comercial de frutas, legumes e verduras.
Um terceiro diretor, Samir Jarrouj, responsável pela área de mercearia, foi transferido para liderar o departamento de perfumaria e produtos de higiene e limpeza. Isso ocorreu após a empresa decidir reorganizar as áreas, antes divididas em mercearia e perecíveis, e que passam agora a ser separados em quatro segmentos.
São mudanças em vários níveis, num curto espaço de tempo e numa operação, com Extra e Pão de Açúcar, que passa por reformulações estratégicas desde 2015.
Reformas de lojas foram feitas e ações comerciais foram criadas nos últimos anos, melhorando alguns indicadores operacionais. Mas, neste momento, a operação ainda sente efeitos da deflação de preços de alimentos e da transformação de parte de lojas Extra em Assaí, o que afeta a receita final. A venda ainda tem encolhido – empresa diz que redução da deflação deve ajudar a melhorar esse número em 2018.
De outubro a dezembro, as vendas de Pão de Açúcar e Extra caíram 5,6% – no ano, a queda foi de 2,9%. Nesse cenário, há uma busca por retomada de crescimento e deve ocorrer revisão mais profunda de custos nos próximos meses dentro dessa nova estrutura da organização, diz fonte.
A saída de Moreno, e as mudanças abaixo dele, teriam tido relação com essa necessidade de novos ajustes. O Valor ainda apurou que determinadas metas, em algumas áreas afetadas por troca de executivos, não estavam sendo atingidas. A empresa nega isso.
O grupo informa em nota que, “com o objetivo de aumentar a sinergia entre as áreas, dar foco à produtividade e mais agilidade para a tomada de decisão, foi realizado um processo interno de adequação da estrutura do Multivarejo [marcas Extra, Pão de Açúcar]”. Esse processo, diz, levou as mudanças com as trocas de cargos envolvendo Faiçal e Garcia. “Ainda foram realizadas outras alterações em diferentes camadas da área comercial, em um processo de simplificação de estrutura, visando mais velocidade e especialização do time”.
Fonte: Valor Econômico