O Grupo Pão de Açúcar (GPA), controlado pelo Casino, prevê investimentos próximos a R$ 1,6 bilhão em 2017, na mesma faixa estimada para este ano.
Nos anos anteriores, as somas foram maiores, e a redução reflete a política de uso mais eficiente dos recursos – e nos modelos de lojas mais rentáveis – implementada a partir deste ano pelo controlador. Em 2015, o montante investido foi de cerca de R$ 2 bilhões, e em 2014, de R$ 1,9 bilhão.
O investimento apenas na área alimentar deve ficar em R$ 1,2 bilhão ao ano, entre 2017 e 2019, informou ontem a companhia. A operação do grupo é formada pelo braço alimentar e de varejo eletroeletrônico (Via Varejo e Cnova).
Em termos de área de vendas, a estimativa é de expansão na faixa de 3% em 2017 – mesmo patamar a ser alcançado em 2016 – diferente de anos anteriores, quando se chegou a prever expansão de até 5% neste indicador.
Para o próximo ano, a companhia planeja quatro novas lojas dos supermercados Pão de Açúcar, dez pontos do Minuto Pão de Açúcar, e seis a oito lojas do Assaí (atacarejo), num total de 22 aberturas. Nos últimos 12 meses, até setembro, foram 40 inaugurações. E nos 12 meses anteriores, as aberturas chegaram a 210 pontos.
“Temos considerado mais, em nossos números, a expansão da área de vendas do que as aberturas. E para este critério, devemos manter expansão de 3% na área. As aberturas de Assaí, um dos formato prioritários, envolvem lojas de 4 a 5 mil metros quadrados”, disse ontem aos jornalistas o presidente do GPA, Ronaldo Iabrudi.
Ainda se prevê 15 a 20 conversões de unidades do hipermercados Extra em Assaí em 2017. Entre 2017 e 2019, as conversões devem atingir 30 a 35 unidades do Extra em lojas de atacarejo.
Não há estimativa de inauguração de hipermercados Extra e do Minimercado Extra em 2017. Como os desembolsos estarão concentrados nos formatos com taxa de retorno maior – no caso, Assaí e Pão de Açúcar – o Extra perde prioridade no plano de aberturas. O retorno médio do Assaí é mais de 20% superior ao do Extra.
Considerando esse cenário de menos inaugurações, o crescimento da receita terá que vir pelo aumento na produtividade das lojas – a projeção do GPA é que, em 2017, a venda por metro quadrado cresça “um pouco mais que a inflação”, disse Christophe Hidalgo, diretor financeiro do GPA. Iabrudi afirmou que a ideia é manter, para 2017, a agressividade de preços de algumas bandeiras, como o Extra.
Em relação às parcerias com pequenos lojistas, com a marca CompreBem (comerciantes usam essa bandeira e passam a comprar produtos direto do GPA), a expectativa é terminar este ano com 100 estabelecimentos neste formato, e atingir 500 lojas em 2017.
Quanto à operação de venda de participação do grupo na Via Varejo, o comando disse que os recursos com a alienação devem ficar no caixa do GPA, e serão utilizados na expansão dos negócios. Em setembro, o GPA somava caixa de R$ 4 bilhões (e relação entre dívida e lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação era de 1,6, versus 0,24 um ano antes). “Definimos que 100% vai ficar aqui”, disse Hidalgo. “Não vai nada para Colômbia, e nada para qualquer outro país”, completou Iabrudi.
A menção à Colômbia existe por causa de recente transação feita pelo Casino. Numa reorganização das atividades em 2015, saíram US$ 1,8 bilhão do caixa do grupo Êxito, controlado pelos franceses na Colômbia, sem ganhos aos acionistas minoritários, como eventual pagamento de dividendos. A migração dos recursos reduziu alavancagem do controlador.
A direção do GPA disse ainda que parte do ano de 2017 deve ser muito parecido com 2016. “Devemos ter alguma melhora a partir da segunda metade do ano que vem […]. O varejo deve ter um crescimento em 2017, até porque a base de comparação de anos anteriores está comprometida”.
Hidalgo comentou que os índices de rentabilidade do GPA no quarto trimestre devem melhorar pelo reconhecimento de créditos de R$ 600 milhões, ligados à decisão de contabilizar benefícios da Lei do Bem, que zerou IPI e Cofins de alguns produtos eletrônicos.