Por Bárbara Fernandes
Um dos principais objetivos do GPA é aprimorar a rentabilidade. Nesse sentido, o combate contra as perdas destaca-se como uma importante estratégia. Com índices de quebra abaixo do mercado, a companhia está sempre em busca de reduzir ainda mais esse percentual por meio da inovação, o que motivou a criação da ferramenta “Preços Especiais”.
Trata-se de uma tecnologia que permite com que produtos que estejam próximos ao vencimento tenham os preços remarcados com descontos que variam de 30% a 80%, dependendo da data de validade. A implementação possui três pilares: diminuir o desperdício de alimentos, garantir uma maior assertividade no sortimento das lojas e diminuir a quebra da companhia.
Premiada recentemente pela Abrappe (Associação Brasileira de Prevenção de Perdas), a ferramenta começou a ser implementada em maio deste ano, e já no primeiro mês reduziu a quebra notificada em 20%, as medidas compensatórias em 5% e o desperdício de alimentos em 19%.
Romuald Gaussot, diretor de prevenção e perdas do GPA, conta que o sistema reúne três maneiras de rebaixar o preço que antes operavam separadamente: combate a concorrência, volume de produto acima da capacidade da loja de vender, e demarcação por validade ou maturação.
Na mercearia básica, por exemplo, que tem um shelf life de médio a longo prazo, 30 dias antes do vencimento o item entra na fase de demarcação. Quando o item está a cinco dias do vencimento, o time de prevenção de perdas passa a assumir o controle da precificação.
“Em alguns produtos aplicamos o desconto de 80% nesse momento, porém com alguns itens como os laticínios, que possuem um shelf life reduzido, a área de prevenção de perdas só assume nos últimos dois dias e os descontos são no máximo até metade do preço. Assim preservamos uma boa parte da margem e temos o mesmo efeito de escoamento no final. A negociação é parametrizada.”, explica Gaussot.
O diretor ainda divide o objetivo final da ferramenta que vai no sentido contrário do que estão fazendo: acabar com a demarcação. “Temos que nos acostumar a adaptar o estoque para não chegar ao nível de ter que demarcar os preços para poder escoar. Queremos ter cada vez menos demarcação e, por consequência, menos quebras”.
Para alcançar a meta, a empresa vai implementar a segunda fase do planejamento em torno da ferramenta que envolve a análise dos resultados. Segundo o Romuald Gaussot, o varejista trabalha com dados por produto, por isso consegue resgatar indíces por região e loja na qual o item não foi vendido, ou foi vendido com uma rebaixada. “Queremos reduzir o índice de quebras ainda mais e chegar no ano que vem a 30% ou 40% de redução”.
Sendo assim, para Gaussot, esse aumento de 10 p.p a 20 p.p na redução só será alcançado com entendimento profundo sobre a causa das perdas seja ela por questões de regionalidade, pois alguns itens podem ir bem em uma cidade e mal na outra, excesso de estoque, precificação não atrativa, problema de cluster, entre outros.
Segundo o executivo, também foi possível reunir a equipe de prevenção de perdas, as áreas comerciais, o abastecimento e o pricing trazendo também uma mudança cultural, já que as áreas passam a ter um olhar mais unificado e abrangente.
Dentre as categorias que o “Preços Especiais” tem auxiliado mais, destacam-se a categoria PGC e o FLV, sendo o último mais subjetivo e desafiador por depender das condições do clima que podem acelerar sua maturação . Em relação à exposição, os itens que recebem a demarcação são colocados em gôndolas separadas que indicam ao consumidor que o item está próximo da data de vencimento.
Fonte: SA+Varejo