A internet mudou a forma como vivemos e, principalmente, consumimos. Há hoje uma avalanche de produtos disponíveis apenas a um clique de distância.
Faça uma pequena experiência: digite calça preta no Google e observe a infinidade de peças que aparecem. As modelagens são diversas, assim como os preços.
Com essa abundância de ofertas, as empresas precisam refletir constantemente sobre: o que os consumidores querem? E como as novas tecnologias podem beneficiar o varejo?
Com essas questões em mente, varejistas e especialistas em moda se reuniram nesta terça-feira (30/05), no auditório do Museu Brasileiro de Escultura, para o Trend Session, organizado pela marca Lycra.
Uma das convidadas foi Lidiane Tahan, especialista em varejo do Google. Assim que sobe ao palco ela enfatiza: “O conteúdo online modificou o consumo de moda. A jornada dos consumidores se tornou muito mais complexa”.
Até comprar um produto, um cliente pode ser influenciado por um comentário de um amigo nas redes sociais, pela opinião de uma blogueiro especializado ou pela reputação da marca nos sites de reclamação.
De acordo com os dados apresentados por Lidiane, 28% das compras realizadas hoje têm alguma influência do mundo digital. Até 2021, a expectativa é que a proporção atingirá 42%.
O celular é uma ferramenta essencial: 80% das buscas do Google relacionadas à moda são feitas pelos smartphones. No YouTube, já são realizada mais de 1 bilhão de buscas por temas relacionados ao varejo.
Lidiane também falou sobre os quatro pilares que podem ajudar varejistas a impulsionar suas vendas.
1. ENTENDER E ATENDER OS CLAMORES QUE VÊM DA INTERNET
Cada vez mais, marcas estão trazendo os acontecimentos contemporâneos e manifestações do mundo online para dentro do negócio.
Temas que permeiam a internet, como feminismo, moda plus size, movimento negro e LGBT estão ganhando cada vez mais espaço dentro das campanhas de marketing.
A atual campanha do dia dos namorados da Natura, por exemplo, aposta na diversidade de relacionamentos e mostra um casal lésbico como um dos protagonistas.
Os influenciadores também têm um papel fundamental nesta mudança. Em vez apenas um padrão de beleza único, blogueiras propagam que homens e mulheres devem aceitar seus corpos e sua beleza do jeito que são.
Um dos exemplos apresentados por Lidiane é o da empresa American Eagle Outfitters.
A marca americana de lingeries parou de usar photoshop em suas fotos, criou uma campanha incentivando a autoestima feminina e chamou mulheres com diferentes silhuetas para estrelar sua campanha.
A ação impulsionou em mais de 30% as vendas da marca.
2. AGRUPAR PRODUTOS EM APENAS UM LUGAR
O Google virou um termômetro do consumo. Por meio das buscas, é possível identificar o que as pessoas estão procurando e perceber possíveis mudanças de comportamento dos consumidores.
Por exemplo, a busca por roupas cresceu 74% nos últimos dois anos. Já a busca por roupas esportivas cresceu 213% no mesmo período.
De acordo com Lidiane, os clientes estão buscando, cada vez mais, itens diferenciados em um mesmo lugar. Por isso grandes varejistas estão apostando no marketplace para complementar a oferta de produtos.
Hoje, são oferecidos cerca de 480 milhões de itens na Amazon. Estimativas da Universidade de Santa Clara na Califórnia, indicam que há um milhão de novos itens todos os dias dentro da plataforma.
Metade das vendas é feita pelos varejistas que compõem o Marketplace, o número deve crescer nos próximos anos.
3. CONSTRUIR EXPERIÊNCIAS E COMODIDADE
A internet está tornando os consumidores cada vez mais exigentes e imediatistas. Por isso, até o final do ano, o Google deve lançar uma nova forma de anúncio em seu sistema de busca.
Hoje, quando uma pessoa procura por um produto específico, os resultados mostram as opções de loja online que vendem aqueles itens.
Mas em breve, ao buscar, por exemplo, o título de um livro, o usuário poderá ver quais lojas físicas ao seu redor têm aquela obra em estoque.
A experiência e a comodidade nunca foram tão importantes. Grandes empresas, entre elas a Nike, têm levado esses conceitos muito a sério.
Algumas lojas da marca no exterior já possuem uma área com esteiras de corrida e quadras de basquete para que os consumidores possam testar os tênis antes de levarem para casa.
4. PRODUZIR ROUPAS INTELIGENTES
Uma das tendências de mercado apontadas por Lidiane é a fusão entre tecnologia e as roupas.
As empresas têm coletado cada vez mais dados sobre seus consumidores. Agora, ler bem esses dados e saber quais são as necessidades do público-alvo são um grande desafio.
Algumas marcas estão vencendo essa barreira e transformando os dados em produtos que aliam praticidade e tecnologia.
A Under Armour, que vende artigos esportivos, é um exemplo. Ao constatar que os atletas precisavam de boas horas de sono para manterem o desempenho, a empresa criou um pijama que, por meio de infravermelho, estimula a recuperação dos músculos durante a noite.
O próprio Google em parceria com a marca de roupas Levi’s criou uma jaqueta inteligente. Por meio dessa peça de roupa, o usuário consegue ter todos os comandos do celular apenas fazendo alguns movimentos.
Fonte: Diário do Comércio