Em menos de um ano, Marina Ruy Barbosa, de 25 anos, transformou sua grife de moda, a Ginger, apontada como uma das 50 startups que vão mudar o Brasil, num furacão do varejo. Ela conseguiu esgotar o estoque de 1.200 peças de sua primeira coleção — em março sairá a terceira — em apenas 12 horas no ar, em julho passado.
O lançamento amealhou 4,5 milhões de reais em mídia espontânea, descontado o impacto nos 37 milhões de seguidores em seu Instagram. De lá para cá, a carioca que desde os 9 anos trabalha diante câmeras deixou de ser apenas uma atriz para virar um dos cases mais bem-sucedidos de empreendedorismo no meio artístico.
Sua marca se destacou por traduzir a tendência global do slow fashion, o contrário do fast fashion e cuja ideia é quebrar o padrão de lançamentos sazonais para colocar à venda cápsulas, pequenas coleções feitas com a matéria-prima mais sustentável possível — há desde algodão certificado até jeans de fibra reciclada — e com estética alheia ao fluxo de tendências.
A publicitária Vanessa Ribeiro e o diretor de estilo Leandro Benites formam com ela o time que leva para o papel a cartela de cores enxuta, os decotes sinuosos e as formas básicas que revelam e escondem a pele sem tirar o foco do conjunto.
Quatro meses depois da estreia, a nova empresária do pedaço havia conquistado um cargo executivo no grupo Arezzo, gigante da B3 que a contratou como curadora e diretora criativa para plataformas sociais do recém-lançado marketplace ZZ Mall.
“Na Ginger tenho uma visão de marca e um time para encontrar olhares sem restrições, nos quais me permito ousar, ser mais solta. Nos trabalhos para o grupo Arezzo, concilio o que acredito com as estratégias daquela marca, com responsabilidade de números e metas. Tento fazer com que os conteúdos sejam harmônicos, que tenham minha cara, mas cada um tem seu destaque”, diz Marina.
O crachá nem havia esquentado no pescoço e, antes do Natal, a primeira colaboração da Ginger com outra marca, a Schutz, já abocanhava 15% da receita daquele mês nas planilhas desta que é uma das marcas de maior giro do grupo. “Ligaram dizendo que eu podia ficar feliz, a coleção havia superado todas as expectativas”, afirma.
Foram 3.000 pares de calçados, 500 bolsas e 300 peças de roupas em menos de uma semana, segundo a empresa, com uma taxa de conversão de 46% por meio dos acessos no e-commerce da Schutz.
Embora só agora tenha embarcado no varejo de moda, há anos ela faz “estágio” na área. Já desfilou para a Dolce & Gabbana em Milão, assina desde 2017 uma coleção com seu nome para a linha Life da joalheria Vivara e dá pitacos — acatados — em todas as campanhas nas quais atua.
“Não gosto do termo garota-propaganda, porque ele não faz mais sentido. É um pensamento antigo achar que uma celebridade tenha de se encaixar num roteiro, mudar a personalidade com a missão de soar natural. Não tem de soar, tem de ser real”, diz Marina, reproduzindo o mantra da nova geração do marketing de influência.
Fonte: Exame