A retomada gradual da economia, com aumento do consumo, aliada à entrada de novos concorrentes vem acirrando a briga por uma fatia no cobiçado mercado brasileiro de alimentação. Gigantes do fast food como McDonald’s, Burger King e Subway afiam suas garras para não só manter participação como ampliar sua presença por todo o Brasil.
A ampliação dos investimentos nas três grandes reflete o apetite por este mercado, com modernização dos restaurantes e o estabelecimento de novas parcerias para trazer até novos players estrangeiros para o território nacional.
A Arcos Dorados, master franqueada da rede de restaurantes McDonald’s na América Latina, acaba de anunciar aumento de 25% nos seus investimentos no Brasil, saltando para R$ 1,25 bilhão até 2019. “Vamos modernizar nossos restaurantes, com Wi-Fi, mesas interativas para que nossos clientes possam adicionar e retirar ingredientes como quiserem de seus lanches”, afirma o presidente da divisão da Arcos Dorados no Brasil, Paulo Camargo.
Esse movimento de modernização, que teve início em julho de 2017, também tem o objetivo de transformar a cultura da empresa “por meio da inserção de novos itens mais saudáveis no cardápio – aproveitando até o momento das hamburguerias ‘chiques’”, afirma o executivo.
Ainda de acordo com ele, a formação de alianças estratégicas também foi importante no desempenho do ano. “Lançamos o Mc Flurry Kopenhagen para promover maior acessibilidade da população de baixa renda à marca”, declara Camargo.
A operadora fechou o último trimestre 2017 com 929 unidades ativas e registrou uma receita de US$ 403,2 milhões – crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2016.
Até o final de 2019, a Arcos Dorados pretende abrir 200 novas unidades na América Latina, das quais 140 serão inauguradas em solo brasileiro. Atualmente, a rede tem cerca de 100 restaurantes – nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do País – adaptados ao novo conceito.
Para o sócio-presidente da consultoria especializada em food service ba}Stockler, Luis Henrique Stockler, atrelado ao movimento de expansão, as grandes redes de fast food começam a oferecer “opções mais saudáveis e sofisticadas” para aproveitar o aumento dos níveis de consumo nas classes C e D.
Em relação aos novos concorrentes gourmets, Stockler avalia que as grandes redes tradicionais sentiram um impacto nos públicos com maior poder aquisitivo, como as classes A e B. “No momento de lazer, aos finais de semana, esses clientes acabam preferindo opções mais requintadas e têm condições de arcar com um ticket médio mais elevado de R$ 50 ou R$ 60”, diz.
O especialista, no entanto, pondera que nos dias da semana, em razão da praticidade e preço mais baixo, as redes de fast food tornam-se a opção do público geral. Outro grande player do segmento que tem adotado iniciativas de expansão é o BK Brasil (BKB), responsável pelo Burger King no País. Por meio de um acordo firmado com a empresa de private equity Restaurant Brands International, a BKB anunciou, no final de março, a aquisição da rede de frango frito Popeyes e a abertura de 300 unidades da marca no Brasil nos próximos 10 anos.
Stockler afirma que, em princípio, uma operação como essa tem como intuito concorrer apenas com a rede norte-americana KFC, também especializada em frango frito. Porém, o especialista pondera que, com uma faixa de preço [das redes de fast food] parecidas no geral, o restaurante Popeyes vai acabar disputando também a decisão de compra do consumidor final com o McDonald’s, por exemplo.
Atualmente, a companhia de alimentação rápida atua em 25 países pelo mundo, como Estados Unidos e Canadá.
A rede Subway também vai mudar seu cardápio e modernizar a identidade visual. Para isso, adotou um novo conceito de lojas. A iniciativa tem como objetivo melhorar a eficiência de suas operações internas por meio da digitalização no processo de compra dos clientes. O cardápio da marca será adaptado com os ingredientes mais populares em cada região do País. Hoje, a rede tem cerca de duas mil unidades em operação no Brasil, considerado como quarto maior mercado para a empresa, atrás apenas de países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
Franquias
No Brasil, o segmento de franquias alimentícias tem apresentado crescimento mesmo com o ambiente político-econômico conturbado e toda a situação adversa, segundo a Associação Brasileiras de Franquias (ABF). Uma pesquisa feita em 2017 pela entidade aponta que, entre 2015 e 2016, houve aumento no faturamento no segmento alimentício de 8,8%, movimentando cerca de R$ 40,3 bilhões.
Para além da receita anual, o balanço também indica a preocupação do setor com alimentação mais saudável. Segundo o estudo, 60,8% das redes pesquisas disponibilizam no cardápio opções lights, 52,7% integrais e 51,4% diets.
De acordo com o coordenador do Comitê de Alimentação da ABF, João Batista, a expectativa de crescimento do segmento para 2018 varia entre 6% e 8%. “Apesar do otimismo, 2018 ainda é um ano de ajustes em virtude do ambiente econômico”, comentou o especialista.
Ele ainda lembra que, embora o setor tenha potencial de expansão, ainda é um mercado que dependente da recuperação do poder de compra do brasileiro. Os números preliminares do segmento em 2017 apontam incremento de 6% no período.
Fonte: DCI