A gestão de resíduos é um desafio que o setor supermercadista enfrenta diariamente, ao lado da indústria. Diante desta situação, ambos os lados se unem em iniciativas que visam diminuir ou até mesmo evitar o desperdício, principalmente com doações e campanhas de conscientização. E, parece que todo o esforço feito até o momento começou a surtir efeito.
Segundo apontamento de uma pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em 2017 o setor perdeu R$ 54 milhões a menos do que em 2016. Neste período, os resíduos oriundos do açougue, FLV, padaria e peixaria saíram de R$ 3,927 bilhões para R$ 3,981 bilhões. Vale lembrar que em 2015, o valor total referente ao desperdício desses alimentos atingiu a marca dos R$ 4,8 bilhões.
O estudo aponta que o setor de FLV é o líder em perdas e, por isso, precisa receber maior atenção e investimento em tecnologia para a gestão de perdas. Uma iniciativa para reduzir o desperdício e a quantidade de lixo dos supermercados de Santa Catarina apresenta resultados animadores.
Participação dos consumidores
A Associação Catarinense de Supermercados (Acats) desenvolveu o programa “Supermercado Lixo Zero” que consegue enviar um volume menor de resíduos aos aterros sanitários da região. Esta iniciativa surgiu há seis anos e desde então os detritos orgânicos dos supermercados Hippo são processados e transformados em adubo para sua própria horta orgânica, criada para produzir os alimentos que são comercializados nas lojas.
Além disso, os consumidores também participam recebendo pontos no programa de fidelidade da rede ao oferecerem adubo em troca. Até mesmo os resíduos como papelão e plástico são enviados para a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Florianópolis. Oferecendo a destinação correta destes materiais, a rede Hippo recebeu o “Certificado Internacional de Reaproveitamento” pelo descarte correto de 97% dos seus resíduos em todas as unidades.
Iniciativa semelhante acontece em supermercados de São Paulo que mantêm programas de descarte adequado. Um dos exemplos vem da rede São Vicente, que envia mensalmente 120 toneladas de papelão, nove toneladas de plástico, além de seis toneladas de outros materiais recicláveis como metais e vidros para a reciclagem.
Ainda sim, a falta de estratégias voltadas para a gestão de perdas nos supermercados também gera impacto prejudicial ao meio ambiente. Isso porque a degradação dos alimentos emite gases de efeito estufa e segundo a Organização das Nações Unidas, um terço da produção de alimentos é perdido todos os anos. Desta forma, a emissão de gases gera o óxido nitroso e o metano que são semelhantes à poluição gerada pelo dióxido de carbono dos automóveis.
Projetos internacionais
Nestes casos, a tecnologia novamente surge como agente que encurta os espaços e une, literalmente, a fome com a vontade de comer. No Reino Unido surgiu o aplicativo FareShare Foodcloud, criado em 2016, que reúne alimentos não utilizados em supermercados cadastrados para serem doados para instituições de caridade, abrigos entre outras organizações beneficentes.
Todos os dias, essas entidades recebem mensagens de texto com a quantidade e os itens que serão doados pelo supermercado cadastrado. A retirada dos alimentos é feita nas próprias lojas onde os voluntários recolhem as doações evitando o desperdício. A iniciativa foi implementada após parceria entre a organização FareShare e a rede de supermercados Tesco.
Vale lembrar que a FareShare realiza uma seleção criteriosa para definir quais as entidades que receberão as doações, por meio de visitas pessoais e treinamento sobre armazenamento e preparação dos alimentos de acordo com as leis britânicas de vigilância sanitária.
Fonte: Apas