Jovens de 17 a 21 anos preferem as marcas engajadas e “diferentonas”. É o que diz a pesquisa “Ctrl Z”, da consultoria Consumoteca, que aponta que 37% dos integrantes deste grupo gostam de comprar produtos de marcas novas “que ninguém conhece”. Se estas marcas forem atuantes em causas como o feminismo, igualdade racial ou direitos dos animais, melhor ainda, segundo 46% dos respondentes da pesquisa. O estudo ouviu três mil jovens de todas as regiões do País e de todas as classes sociais.
“É uma construção de identidade pautada não mais na compra de produtos massificados, mas, sim, na busca por produtos únicos, pouco conhecidos. Estes jovens se incluem em seus grupos não pela aquisição daquilo que seus amigos têm, mas pela surpresa que causam nos outros. É o diferente que agrega”, afirma Michel Alcoforado, antropólogo e fundador da Consumoteca.
Segundo o especialista, esse movimento traz oportunidades para marcas locais, já que a história de um produto é um ativo valorizado por essa geração. Criar experiências “instagramáveis” e estéticas também é fundamental para as marcas de olho nesse target.
“Marcas devem possibilitar que esses jovens tenham experiências ‘instagramáveis’ em todos os canais possíveis, do celular até a comunicação de loja: um ponto de venda que desperta vontade de usar de fundo para uma selfie, por exemplo. Essa geração deve também consolidar o BTL(below the line) como uma ferramenta importante, assim como as ações de guerrilha, que são instantâneas, atrativas e interessantes”, opina.
A moda é uma das categorias mais expressivas para esta geração. De acordo com a pesquisa, seis a cada dez jovens acreditam que sua forma de se vestir é a maior forma de expressão paro mundo. Ainda, 65% usam roupas e acessórios sem se importar com o gênero ou público-alvo de uma marca.
“Mais do que nunca, viveremos tempos em que estética e ética andarão de mãos dadas. Isto é, aquilo que mostramos ser, sobretudo nas redes sociais, dirá quem somos. Nesse cenário, a moda assume um papel fundamental. Nas gerações anteriores, os mecanismos de expressão eram outros. Os X’s viam o patrimônio adquirido e a vida financeira estável como principal bandeira da sua geração. Já os millennials acreditavam que o propósito e o sentido que davam a suas vidas era o que importava”, compara o especialista.
37% dos jovens respondentes se consideram ansiosos, 42% se consideram individualistas e 43% desejam formar uma família “perfeita”, comprar uma casa e ter um relacionamento estável
Embora acompanhem diferentes causas — 68% dos jovens são adeptos do “textão” e veem as redes sociais como forma de militância — , estes jovens não encaram a juventude como uma fase tão livre e experimental: 37% se consideram ansiosos, 42% se consideram individualistas e 43% desejam formar uma família “perfeita”, comprar uma casa e ter um relacionamento estável. Por isso, para a geração Z, não basta uma marca ter um propósito, mas produtos que realmente tenham um valor funcional. “Diminui a onda de empresas e marcas com propósito e que oferecem um sentido para a vida dos seus consumidores e inicia-se um ciclo onde acesso a produtos e serviços sem grandes esforços, a satisfação dos desejos e a resolução dos problemas imediatos com rapidez e eficácia vai se tornar o novo tom da conversa das marcas com os consumidores”, avalia.
Como na era digital tudo está registrado e não será esquecido, essa faixa etária também é mais cautelosa no digital e tem consciência da indistinção entre online e offline. “Eles sofrem quando são os últimos a saber de algum novo movimento. Para eles, não há mais o ritual de sentar para ler um jornal nem ver uma transmissão ao vivo de um telejornal. O ao vivo para eles é o scrol da timeline”, conclui o antropólogo.
Fonte: Meio e Mensagem