A gestora de private equity General Atlantic pode fazer valer seu direito de obrigar a rede de drogarias Pague Menos a fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO). Pelo acordo de acionistas da gestora e da família Queirós, assinado em 2015, a gestora pode exigir uma oferta qualificada de abertura de capital a partir do 30º mês do acordo, marco que aconteceu em junho do ano passado.
Como o cenário para ofertas não era favorável no segundo semestre do ano passado e a Pague Menos vem fazendo ajustes em sua administração, a gestora pode concretizar o plano este ano, apurou o Valor. Uma oferta qualificada, nos termos do acordo, significa uma transação que movimente ao menos R$ 600 milhões.
Apesar de ter essa opção, a General Atlantic não pretende fazer uma oferta impondo a cláusula à família e sim chegando a um acordo comum, conforme uma pessoa com conhecimento do assunto. A preferência é que aconteça este ano, mas não há compromisso de prazo.
Ainda conforme o acordo, até o ano passado a General Atlantic tinha o dever de ancorar o IPO em até R$ 250 milhões caso não houvesse demanda suficiente de mercado ou o preço por ação não atingisse determinado múltiplo. Este ano, a gestora não tem mais a obrigação de ancoragem.
“O fundo não tem pressa, mas quer levar a empresa à bolsa. A preferência é que seja este ano, mas os números da Pague Menos não estão ajudando”, complementa a fonte.
No terceiro trimestre de 2018, resultado mais recente publicado, o lucro da Pague Menos caiu 37%. A margem Ebitda caiu de 5,4% para 4,9% no comparativo anual. A Pague Menos tem 1.150 lojas em todo o país, cerca de 300 abertas nos últimos dois anos.
Em fevereiro, a Pague Menos emitiu R$ 200 milhões em debêntures com vencimento em 2024, com juros de CDI mais 1,95%, para pagar uma Cédula de Crédito Bancário (CCB), tipo de empréstimo de curto prazo no valor de R$ 100 milhões tomada com Santander em janeiro.
A General Atlantic tem 17% da empresa. O fundador e acionista controlador, Francisco Deusmar Queirós, saiu da empresa no ano passado. Ele era presidente do conselho de administração e, em setembro, renunciou devido à sua condenação em um processo referente a negociação de valores mobiliários na Renda Corretora de Mercadorias entre os anos de 2000 e 2006. Ele chegou a ser preso no ano passado e recorre da condenação. O conselho e a diretoria são comandados por seu filho, Mário Henrique de Queirós.
A empresa chegou a contratar bancos para um IPO em 2012. Procuradas, Pague Menos e General Atlantic não comentaram.
Fonte: Panorama Farmacêutico