Varejista do Norte tem 16 lojas e fatura R$ 150 milhões; disputa cresce na região com avanço de Via e Magalu
Por Adriana Mattos
O grupo varejista Gazin, do setor de eletroeletrônicos e móveis, fechou a aquisição da rede Radisco Magazine, sediada em Capanema (PA) e com 16 lojas no Estado. A transação ainda inclui um centro distribuição que atende o nordeste do Pará. É a primeira compra de uma rede pelos donos da Gazin, fundada em 1966 na cidade de Douradina (PR).
A operação foi fechada depois da expansão mais acelerada, entre 2019 e 2020, do Magazine Luiza e da Casas Bahia no Pará, levando a um acirramento maior da concorrência em certas cidades.
O Valor apurou que os sócios da Radisco, em operação há 60 anos, decidiram parar de atuar no varejo e buscaram interessados na rede — a atual gestão já deixou o negócio, numa transição do comando para a Gazin neste mês. A empresa não informa o valor da transação. Segundo fontes, a Radisco fatura ao ano cerca de R$ 150 milhões e os novos donos querem tentar chegar a uma venda anual de R$ 250 milhões em cerca de um ano.
Com a transação, a Gazin amplia a atuação no Pará — onde a rede já opera desde 2011, com 25 unidades — aumentando em cerca de 60% a base de pontos no Estado, onde também tem dois centros de distribuição. O total de lojas adquiridas corresponde à média anual de inaugurações da empresa por ano. “Nós já abrimos em média de 15 a 16 lojas no ano, e queríamos crescer em áreas onde não estávamos tão maduros, como o Pará, e a Radisco surgiu exatamente com esse número de aberturas que tínhamos em mente, e na área que analisávamos. Foi oportunidade”, disse ontem Maurício Churkin, diretor administrativo da Gazin.
“Mesmo com o mercado mais difícil para alguns, com juros e inflação, somos bem conservadores, temos uma governança já instalada e fomos formando um caixa robusto para aproveitar esses momentos”, acrescentou. O balanço de 2021 mostra saldo de caixa R$ 367 milhões. O grupo fechou o ano passado com 305 unidades e vendas líquidas de R$ 5,7 bilhões, leve alta de 3% sobre 2020. O lucro líquido alcançou R$ 544 milhões, um avanço de 20%.
A Gazin deve manter a marca Radisco nas lojas por alguns anos — a empresa não especifica prazos. Uma parte pequena dos imóveis manterá como donos os sócios da Radisco, que receberão aluguel pelos pontos. “Vamos rever ‘mix’ da rede e reforçar a política de crédito para o comprador dessa região que, muitas vezes, opera na informalidade e tem no varejo um parceiro. E ainda há projeto de começar a construir uma fábrica de colchão no Pará em 2023, que atenderá às lojas”, disse Churkin.
No Brasil, há lojas da Gazin em 10 Estados, além de sete indústrias de colchões e estofados, uma indústria de molas e 23 centros de distribuição.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a transação no dia 3 de agosto. O escritório Martinelli Advogados assessorou a Gazin na operação. “O mercado de fusões e aquisições está bom para quem tem caixa e pode fechar um ‘deal’ nesse momento de reavaliação dos preços dos ativos”, diz Guilherme Gama, advogado do Martinelli que liderou a transação.
Nos últimos três anos, a concorrência se acelerou no Norte, especialmente no Pará — a Casas Bahia (controlada pela Via) abriu mais lojas em Belém e o Magazine Luiza fechou contrato de cessão comercial de 39 pontos do Armazém Paraíba no Estado. Esse movimento, que leva redes com escala a serem mais competitivas, já teria levado cadeias regionais a considerarem a hipótese de se desfazer de lojas, dizem fontes.
Fonte: Valor Econômico