Queda do desemprego, inflação baixa, crescimento do PIB em torno de 3% e aumento da confiança dos consumidores indicam que 2018 será um ano bom para a economia brasileira. Com esta análise, somada ao fato de que concordam com as atuais medidas governamentais, tanto em âmbito estadual como federal, os empresários gaúchos José Galló e Clovis Tramontina avaliam que o País “está no rumo certo”.
Ambos participaram de evento especial, promovido pelo projeto Marcas de Quem Decide, do Jornal do Comércio, na manhã de ontem, no Teatro da Unisinos, em Porto Alegre. Na plateia, estudantes universitários de Administração e Relações Internacionais acompanharam, durante uma hora de talk show, o evento em que os empresários fizeram perguntas um para o outro.
Apesar da conjuntura econômica estar melhorando, o ambiente político afeta o comportamento do consumidor, pondera a dupla de experts em gestão de negócios. “Estamos a oito meses das eleições e não se tem definição nenhuma, em meio a uma série de especulações, com candidatos que nunca fizeram política e outros que já desistiram de concorrer”, observa o CEO da Lojas Renner, José Galló.
Na opinião do empresário, para que o cenário seja favorável ao desenvolvimento a partir de 2019, o escolhido para administrar o País precisará ter “um reformista”, capaz de promover as “mudanças necessárias” para o Brasil. Galló avalia que já se avançou muito em controle de gastos e reforma das leis de trabalho, mas pontua que as reformas tributárias e também da Previdência ainda são “absolutamente necessárias”.
Ao afirmar que não se trata de questão ideológica, mas de matemática, Galló citou que atualmente 50% do déficit da Previdência está dividido entre 1 milhão de pessoas do setor público e 32 milhões do setor privado. “Se não encontrarmos uma solução, o futuro será muito ruim para todos.” Para Tramontina, ainda falta melhorar mais. “Com 12 milhões de desempregados, precisamos acelerar um pouco para a retomada acontecer mesmo.”
O gestor da fabricante de artigos para culinária, eletrodomésticos e equipamentos de jardinagem, destaca que o caminho da recuperação das finanças do Rio Grande do Sul passa por privatizações, inclusive de instituições como o zoológico e o Parque de Exposições de Esteio. “É uma forma de arrecadar impostos e de diminuir o tamanho do Estado, o que é fundamental.” Ele também defendeu que “está na hora” de a população gaúcha reeleger um governador.
Tramontina lembrou que a burocracia e o sistema tributário contribuem para a perda de competitividade e o desenvolvimento das empresas, e atravancam novos investimentos. “Além de mudar este cenário, precisamos de melhores estradas e portos, para impulsionar as exportações”, afirmou.
O exercutivo frisou que para o Brasil realmente crescer, deve investir em educação, antes mesmo de estimular o consumo. Ainda assim, a Tramontina tem perspectivas de crescer em torno de 12% em 2018, sendo que as metas do primeiro bimestre já foram alcançadas. Atualmente, a empresa, com sede em Carlos Barbosa, está construindo uma fábrica de porcelana em Moreno (Pernambuco), prevista para ser inaugurada em 2020.
Com perspectivas de investir R$ 620 milhões em 2018 e inaugurar aproximadamente 70 lojas este ano – sendo de 25 a 30 unidades da Renner, de 10 a 15 unidades da Camicado e de 20 a 25 unidades da Youcom – o CEO da Lojas Renner destacou ainda que o mercado brasileiro precisa urgentemente aumentar sua produtividade, que, segundo ele, atualmente se assemelha a dos anos 1980.
Fonte: Jornal do Comércio