Criada em 2015, empresa faz entrega regular da ‘compra do mês’ para usuários de 500 bairros de São Paulo; serviço tem rivalidade indireta com iFood, Rappi e James, do Pão de Açúcar
Ao contrário de rivais como Rappi, iFood e James, do Pão de Açúcar, no qual o usuário seleciona os produtos que quiser a cada pedido, o sistema da Shopper funciona como uma “compra de mês”. Pelo site ou aplicativo da empresa, o usuário pode selecionar os produtos que gostaria de adquirir de acordo com seu consumo – como um saco de 5kg de arroz ou três caixas de leite – e recebê-los regularmente em sua casa. Hoje, o catálogo soma mais de 2 mil itens, de produtos de limpeza a alimentos – a exceção fica por conta de congelados e resfriados, cujo custo de operação é mais caro.
“Nosso objetivo é ajudar o consumidor a se organizar e planejar as compras”, diz Fábio Blanco, presidente executivo da Shopper, fundada em 2015. “Entregamos o que o usuário precisa, como pasta de dente ou papel higiênico, antes mesmo dele sentir falta do produto.” Hoje, as entregas são feitas por funcionários registrados pela empresa, munidos de veículos como tuk tuks (motos adaptadas com carroceria) e caminhões. Hoje, 110 pessoas estão envolvidas nessa tarefa – o plano é contratar mais 200 para reforçar as operações nos próximos meses. A cada transação, a startup fatura uma margem no preço dos produtos vendidos por meio de sua plataforma.
Para ganhar eficiência, a empresa tem um fluxo diferente: não tem supermercados parceiros nem funcionários dedicados às compras. Todos os produtos são adquiridos diretamente da indústria e a logística é organizada em um centro de distribuição próprio na região da Barra Funda, em São Paulo. “Enviar uma pessoa ao mercado para comprar os produtos aumenta o custo da cadeia”, diz Blanco, que tem 26 anos e fundou a startup com uma colega de faculdade no Insper, Bruna Vaz Negrão. “Nossos preços podem ser até 12% mais baratos por conta disso”, promete o executivo.
Investidor não teme rivalidade com Rappi e iFood
A Shopper é o primeiro investimento do fundo José Galló no setor de supermercados. “É o segmento em que o comércio eletrônico está mais atrasado no varejo”, afirma Christiano Galló, porta-voz do fundo e filho do executivo, em entrevista ao Estado.
O executivo não teme a rivalidade com outros aplicativos do setor – mesmo que eles tenham aportes milionários de grupos como SoftBank (Rappi) e Naspers (iFood) como incentivo. “Não se sabe qual modelo vai funcionar nesse mercado. O sistema da Shopper pode capturar uma boa parte do setor”, avalia.
Na opinião de Felipe Matos, autor do livro 10 Mil Startups, a aposta de José Galló segue uma tendência mundial: o crescimento do comércio eletrônico de terceira geração. “Depois da primeira geração de compra de ingressos pela internet, e do segundo movimento de compras digitais de equipamentos como televisão, estamos vivendo agora no Brasil um aumento de consumo de produtos alimentícios por plataformas online”, afirma.
Para Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), faz sentido o nome de José Galló se relacionar com o da Shopper. “Com a experiência de um cargo de liderança na Renner, ele tem conhecimento de operação do varejo, principalmente de logística e atendimento”, afirma. “É uma parceria estratégica pensando na expansão da Shopper.”
Fonte: Estadão