Para o empresário, o mundo permanecerá o mesmo com o fim da pandemia e o perfil do consumidor não terá grandes mudanças
Por Paulo Lovisi
As lojas físicas ainda são necessárias e continuarão sendo nos próximos anos. É o que defendeu o empresário Abilio Diniz durante a abertura do seminário O Futuro do Varejo e o Varejo do Futuro, organizado pela Folha na última quinta-feira (5).
Para ele, o mundo permanecerá o mesmo com o fim da pandemia, e o perfil do consumidor não sofrerá grandes mudanças. “Ele vai querer continuar indo a lojas atraentes, vai querer continuar vendo os produtos, vai continuar pesquisando, não apenas online, vai querer ver e pegar [as mercadorias]”, afirmou.
O empresário, que comandou o Grupo Pão de Açúcar até 2013, atualmente é presidente do conselho de administração da Península Participações, empresa de investimento privado com ações no Carrefour Brasil, Carrefour Global e BRF. Abilio Diniz também é professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Durante o evento, ele reforçou a importância das lojas ao mencionar o exemplo de grandes empresas do varejo que nasceram no ambiente online e agora estão expandindo as operações para o mundo físico.
Uma das citadas por ele foi a Amazon, a segunda maior empresa de varejo do mundo, de acordo com a NRF (na sigla em inglês, Federação Nacional do Varejo), dos Estados Unidos. A companhia já conta com cerca de 80 lojas físicas espalhadas por aquele país. Os estabelecimentos vão de livrarias a supermercados ultramodernos.
De acordo com levantamento realizado pelo portal Statista, até junho de 2020, a empresa fundada por Jeff Bezos era dona de 589 pontos físicos, incluindo a rede de supermercados Whole Foods.
O grupo chinês Alibaba também tem investido em pontos físicos. Em 2019, o AliExpress, site de ecommerce que pertence ao grupo, abriu sua primeira loja no Brasil, em um shopping de Curitiba. Tratava-se de uma estrutura temporária, que já foi desativada.
Durante a abertura do seminário, Abilio Diniz destacou ainda a importância de as empresas do varejo investirem em inovação. Ele afirmou que copiar as iniciativas de outras companhias não é mais suficiente para atrair os consumidores.
“Hoje, a capacidade de você se antecipar e criar é muito mais necessária do que em tempos atrás. Você tem que estar junto com a inovação, tem que estar atualizado sobre tudo o que está acontecendo e colocar a sua cabeça pra funcionar nesse sentido. Atualmente, com a velocidade que as coisas acontecem, se você não inovar, você acaba ficando pra trás”, disse.
O empresário ressaltou que, no mundo dos negócios, é preciso se colocar no lugar do consumidor antes de planejar as próximas ações.
“Muitas vezes, se ele não sabe exatamente o que quer, você tem que procurar adivinhar e oferecer soluções que nem ele mesmo sabe onde encontrar”, afirmou. Se os empresários do setor fizerem isso, diz, saberão qual é o varejo de hoje e qual será o do futuro.
Fonte: Folha de S. Paulo