Por Ana Luiza de Carvalho | A combinação das operações do Grupo Soma e da Arezzo&Co deve gerar sinergias de R$ 1,09 bilhão em ganho de receita até 2027, quando acaba a primeira fase de integração, segundo a Azzas 2154, empresa resultante da fusão. O segmento de calçados, bolsas e acessórios deve contribuir com R$ 672 milhões do total.
A companhia indicou que a fusão vai eliminar custos operacionais duplicados. Além disso, são esperadas menores despesas com tecnologia e marketing, refletindo o intercâmbio de estratégias entre as marcas da holding. “Não é reduzir o investimento em marketing, é fazer o mesmo com menos dinheiro, com novas técnicas”, apontou Alexandre Birman, CEO e diretor de operações da Azzas 2154, em encontro com analistas.
Além de Birman, antigo CEO da Arezzo&Co, participaram do evento executivos como Rafael Sachete, diretor financeiro da Arezzo&Co, e Roberto Jatahy, ex-presidente do Grupo Soma e agora líder das operações de vestuário feminino da Azzas 2154.
Os executivos disseram que a fusão deve dar fôlego extra às operações, considerando “o cenário mais complexo” no mercado brasileiro. Conforme Jatahy, a moda local está “se desfacelando” e a reunião “dos maiores especialistas do mercado” na Azzas deve oxigenar o setor e proporcionar maior longevidade às marcas – são 34 sob o guarda-chuva da holding.
A partir da integração dos negócios, a Azzas pretende detalhar apenas os números das marcas com maior faturamento. Em termos de canais, a ideia é informar separadamente as operações em lojas próprias, comércio eletrônico e segmento internacional. Uma divisão denominada B2B reunirá as vendas físicas em lojas multimarcas e em franquias das marcas.
Os executivos afirmaram ainda que, para decidir como será a combinação das operações, estudaram como estão estruturados grandes conglomerados de moda globais, como LVMH, Adidas e Prada. “Não há um modelo único, vencedor. Cada grupo de moda tem seus processos, suas tendências e os pontos de atenção em seu modelo de gestão, quais canais abrem ou não. No Brasil, ainda temos o instrumento de franquia, que é totalmente diferente”, afirmou Birman.
É fazer o mesmo com menos dinheiro, com novas técnicas
— Alexandre Birman
O segmento de calçados e bolsas da Azzas será liderado por Luciana Wodzik. Já vestuário masculino ficará com o executivo Rony Meisler. Haverá um quarto segmento, denominado vestuário democrático, cujo comando ficará com Thiago Hering.
Apesar de contar com elevado nível de conhecimento dos consumidores, os executivos disseram que a Hering “sofria com experiência de loja”, um dos focos atuais para otimização da operação. “Deixamos de ser marca para se transformar apenas em loja”, afirmou Thiago Hering. A Cia Hering, até então companhia listada na B3, foi comprada em 2021 pelo Grupo Soma por R$ 5,1 bilhões.
De acordo com os executivos, a Hering, marca mais antiga do conglomerado, está passando por um reposicionamento de mercado que inclui expansão do portfólio, com o lançamento de calçados alinhados ao seu estilo. A prioridade devem ser os tênis. Para Birman, não deve haver canibalização de marcas com a estreia em novos segmentos. A percepção de marca por parte dos consumidores, disse ele, se sobrepõe à função do produto. O portfólio de calçados representa cerca de 20% da receita da Reserva, uma evidência do potencial desse segmento.
Fonte: Valor Econômico