Por Talita Nascimento
O Carrefour agora permite que todos os funcionários utilizem até metade de sua Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para comprar ações da companhia, com 15% de desconto do valor em que o papel é negociado no mercado. Quem optar pela compra tem que esperar um ano para mexer nos papéis, mas não perde nada caso saia da companhia nesse período. Para cargos executivos, a empresa já tinha um plano do tipo com regras diferenciadas que segue inalterado.
Cátia Porto, líder da área de Recursos Humanos do Grupo Carrefour Brasil, diz que a novidade é alinhada à proposta da companhia de que a gestão da empresa seja menos voltada para “comando e controle” e mais para um “time de times”. Na prática, é uma forma de fazer com que os funcionários se sintam parte do negócio. “Queremos que todos se sintam donos. Não apenas a liderança ou quem avaliamos como talento”, diz Porto.
Alta rotatividade
Um ponto importante nos cargos de operação varejista, porém, é a alta rotatividade. Em média, por ano, o Carrefour vê suas equipes de operação mudarem de 35% a 40%. Esse número é alto em todo o varejo, dado que as rotinas de trabalho em lojas são intensas.
“Para nós, esse não é um fator para não apostar ou não deixar as pessoas se tornarem donas ou sócias, pelo contrário. Acreditamos que, nessa cultura, de time de times, muito provavelmente, pode ser que os funcionários fiquem mais tempo conosco”, afirma Porto.
Ela diz, no entanto, que a retenção de talentos não é o foco do novo programa e que ele tem o intuito de implementar uma nova cultura proposta pela companhia após a compra do Grupo Big.
“Não é que tinha algo que não estava legal na nossa cultura antes. A estrutura que tínhamos levou o Carrefour a chegar até aqui e a que o Big tinha, levou a empresa a chegar até aqui também. No entanto, vimos que era hora de fazer algo novo”, afirma Porto.
O Carrefour tem hoje 150 mil funcionários e pretende usar metade dos valores que os empregados decidirem investir em ações da empresa para promover ações ligadas a Meio Ambiente, Social e Governança (ESG, na sigla em inglês).
Questionada sobre como o novo programa deve beneficiar a companhia e seus atuais investidores, ela não especificou as vantagens. “Isso não é um plano de negócios, é um plano de gente”, disse. A executiva disse ainda que, talvez, pelo lado financeiro, o programa nem existiria.
Fonte: Estadão