Formatos mais baratos e enxutos têm aumentado nos últimos anos
Apesar de faturar R$ 139 bilhões em 2015 e representar 2,3% do produto interno bruto do País, o franchising brasileiro tem se preocupado com a retração econômica. Um dos desafios é o turn over – a troca de uma franquia para outro empreendedor quando o primeiro desiste. O índice, conforme apresentado na 25ª feira de franquias da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a ABF Franchising Expo, aumentou de duas a três vezes nos últimos anos.
Por conta desses e outros efeitos, muitos franqueadores remodelaram o seu negócio. A Cacau Show, uma das maiores referências em franquias no País, com mais de 2 mil lojas, apresentou durante a ABF Franchising Expo três novos formatos de microfranquia. O modelo mais barato, de R$ 19 mil, é o de distribuição, onde o franqueado recruta pessoas para atuar na venda direta (de porta em porta) dos chocolates da marca.
O segundo modelo tem investimento inicial de R$ 38 mil e se assemelha aos quiosques, porém mais compacto e barato. O último – e principal aposta da marca – é a Gelateria, que tem investimento de R$ 42 mil e oferece, além dos chocolates e trufas, sorvetes do tipo gelato italiano, waffles, fondue e café.
A Evolute, de cursos profissionalizantes – e selo de Excelência em franchising em 2016 –, também remodelou seu negócio e oferece um formato 45% mais barato do que o tradicional. O Evolut Fit exige espaço físico de 30 metros quadrados, cinco computadores e de três a cinco funcionários. O investimento é de R$ 34 mil, com prazo de retorno de até 18 meses.
“Com o aumento do desemprego e da demanda por cursos de capacitação, percebemos que poderíamos transformar as pessoas em franqueadas da nossa rede”, comenta Carlos Diego Oliveira, diretor de franquias do Grupo VA, controladora da Evolute.
A empresa também negocia a taxa de franquia, parcelando o pagamento, tal como a Puket, do segmento de meias, pijamas, lingeries e acessórios. O investimento inicial é a partir de R$ 350 mil, mas a marca oferece 30% de desconto na taxa de franquia para quem fechar negócio até dezembro. “Nosso mix é à prova de crise, pois não vendemos apenas produtos, mas presentes”, destaca a gerente de expansão da marca, Liliana Martins, sobre os diferenciais do negócio.
Oficina em alta
O empreendedor sempre deve estar atento aos mercados emergentes. No âmbito das franquias, destaque para o segmento de serviços automotivos, que ganhou espaço com a queda na venda de carros novos, segundo o diretor de inteligência da ABF, Claudio Tieghi. De olho nesse potencial, a Bono Pneus mira o Rio Grande do Sul. “Vamos realizar ações comerciais em busca de franqueados gaúchos”, promete o diretor de expansão da marca, Marcos Yukio.
Limpeza pós-obra
A Maria Brasileira, rede de franquias especializada na prestação de serviços voltadas à limpeza e cuidados domésticos, lançou seu mais novo serviço para cativar candidatos para a abertura de franquias: a limpeza pós-obra. “É um serviço especializado destinado a limpeza de locais como pisos, rejuntes e fachadas”, comenta Eduardo Pirré, um dos fundadores da rede. Para o franqueado, o serviço promete 40% de rentabilidade.
Reconhecimento facial
A Gigatron lançou dois serviços este ano. O primeiro é a modalidade Certificado Digital, com investimento a partir de R$ 4,5 mil. O outro é um produto inédito no Brasil, chamado de Bom Credor. Trata-se da análise de perfil do consumidor por reconhecimento facial. A tecnologia será aberta em breve a franqueados.
Franquia animal
O canal de TV a cabo Animal Planet lançou, durante a 25ª ABF Franchising Expo uma franquia de pet shop chique. É a primeira loja do segmento de franchising do grupo. A marca se propõe a conquistar o público com acessórios diferenciados para animais de estimação, como um carrinho para ciclistas levarem seus pets no passeio. A franquia tem investimento inicial a partir de R$ 90 mil.
Franquia de asfalto
Outra empresa em busca de investidores é a Único Asfalto. A empresa trabalha com a venda de asfalto pré-fabricado (!). “Nossa tecnologia usa um aditivo químico que permite a aplicação da massa fria e até na chuva”, explica o diretor executivo da rede, Edson Nakajima. A empresa está aberta à negociação (parcelamento) da taxa de franquia. São três modelos que vão de R$ 78,4 mil a R$ 173 mil.
Segmento da educação em alta
Outro mercado em ascensão no franchising é o da Educação. “Esse momento de crise deixou o funil de emprego mais fino, e as pessoas querem se instruir”, comenta Rogério Gabriel, presidente do Grupo Prepara. A rede é dona da Prepara Cursos, que oferece cerca de 80 cursos profissionalizantes em mais de 600 unidades espalhadas pelo País. Para expandir em cidades com até 20 mil habitantes, a empresa aposta no modelo Prepara Express, com investimento inicial de R$ 50 mil.
Jogos nada mortais
A Escape 60′ é um espaço de entretenimento e lazer onde grupos de amigos ou de empresas são desafiados a desvendar o enigma de uma sala e têm 60 minutos para sair dela. A meta da empresa é chegar em breve ao Rio Grande do Sul com algum franqueado e concorrer com os players do segmento já existentes no mercado gaúcho (como o Enigma Escape Game e o Chave Mestra).
Empresas reclamam do RS
Não foram poucos os executivos e empresários que reclamaram à reportagem do GeraçãoE sobre a dificuldade que suas empresas têm de ingressar no mercado gaúcho. Questionada sobre a queixa, a diretora da regional Sul da ABF, Fabiana Estrela, comenta: “Talvez seja uma percepção e não um fato, afinal convivemos com muitas marcas do Franchising nacional por aqui. Nosso povo é muito empreendedor e gosta sim de aproveitar boas oportunidades, no entanto nem todas as marcas nacionais conseguem se fazer presentes por aqui a ponto de despertar vínculo com o propósito. Nosso País é gigante, existem muitas culturas diferentes e conversar com todas elas, de norte a sul é desafiador. Além disso, nosso Estado está vivendo uma crise econômica intensa, o ambiente é de muita cautela e isso acaba impactando todos os setores”.