As redes de franquias estão em busca de cidades menores para crescer. Um estudo elaborado pela ABF (Associação Brasileira de Franchising) aponta a abertura de lojas em cidades com até 100 mil habitantes como uma das tendências do setor.
Entre os empresários que decidiram adotar a estratégia, a diminuição dos custos fixos é vista como a principal razão. Mas não é a única.
“Muitas dessas cidades têm rendas per capita maiores que as dos grandes centros”, diz Altino Christofoletti, vice-presidente da ABF e fundador da rede Casa do Construtor.
Foi após um estudo de avaliação de potencial dos mais de 5.200 municípios brasileiros que a marca de roupas íntimas femininas Hope decidiu criar um modelo para cidades menores.
“Vimos que as franquias só estavam em 40% dos municípios”, conta o diretor de expansão, Sylvio Korytowski.
A empresa já estuda pontos em Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais.
Para cidades com até 100 mil habitantes, a Hope cobra R$ 180 mil por uma unidade franqueada -contra R$ 450 mil do modelo normal.
Entre as vantagens percebidas pela companhia, estão a ampliação do território de atuação e tornar a marca mais conhecida fora das capitais.
ECONOMIA
“Um aluguel em uma cidade como São Paulo gira em torno de R$ 12 mil. Nas cidades menores, com cerca de R$ 1.500 já é possível obter um imóvel adequado”, diz Everton Didone, diretor de expansão da rede de alimentação Brasileirinho Delivery.
Fundada em 2013, a rede tem hoje cerca de 10% dos franqueados em municípios deste porte. A ideia é ampliar esse número até o fim do ano.
Recentemente, a empresa chegou a Lucas do Rio Verde (MT), de 57 mil habitantes.
Segundo Didone, há 36 contratos já em fase de negociação para abrir unidades em cidades pequenas.
O maior desafio é encontrar um modelo de negócio viável, afirma Alexandre Lorenzon, gerente de expansão da Casa do Construtor.
A empresa passou três anos testando uma loja piloto em Santa Rita do Passa Quatro, em Minas Gerais, com 26 mil habitantes.
Criou então o conceito denominado +Rental, uma franquia de aluguel de materiais de construção para ser instalada dentro de outras lojas já existentes nas cidades.
O investimento para se abrir um modelo desse tipo é de cerca de R$ 250 mil, metade do que custa uma franquia tradicional da rede. A perspectiva é abrir ao menos 30 lojas em 2016.
BOCA A BOCA
Trabalhar no interior traz algumas particularidades para o empresário.
“Nessas cidades, muitas pessoas se conhecem, de modo que o atendimento cuidadoso, para gerar um boca a boca positivo é ainda mais importante”, diz a consultora do setor de franquias Claudia Bittencourt.
A escolha do ponto de venda em uma cidade pequena também exige mais cautela do que nas capitais.
“É importante estar em uma avenida movimentada, onde a população vai poder te ver”, diz Antônio Pinhatari, diretor de expansão da iGUi Piscinas, que nasceu em Cedral (SP), cidade de 44 mil habitantes.
Por sua origem interiorana, a rede sempre teve como um de seus focos os mercados de cidades menores.
A companhia tem algumas de suas franquias em estradas que levam para zonas rurais, onde há chácaras e sítios, cujos donos são seu público-alvo.
“É comum no interior que as pessoas visitem municípios vizinhos para compras. Assim, o investimento tem potencial ainda maior”, afirma Pinhatari.