Número de marcas com operações no exterior cresceu 12% em 2021, segundo a ABF. Busca de faturamento em moedas mais valorizadas está entre os principais motivos
Por Paulo Gratão
Depois da estagnação em 2020, o franchising brasileiro voltou a se internacionalizar no ano passado. Vinte novas redes fizeram as malas para começar a faturar no exterior, e agora são 183 marcas brasileiras de franquias com operações fora do país – um crescimento de 12% –, seja com unidades próprias, franqueadas, máster franchising, desenvolvedor de área, exportação ou joint ventures. O número de países também cresceu e passou de 106 para 114. A informação foi divulgada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
“A expansão está no DNA das redes de franquias e a internacionalização é um próximo passo natural, ainda mais para aquelas com um certo grau de maturidade e capacidade de gestão e investimento”, afirma André Friedheim, presidente da ABF.
A entidade diz que esse crescimento reflete a retomada de planos que foram paralisados durante o momento mais crítico da pandemia, em 2020. Também está no planejamento dos empreendedores a busca por novos mercados e novas fontes de faturamento, com moedas mais fortes e diluição do risco. A ABF diz que também identificou empreendedores brasileiros que foram para outros países e optaram por levar marcas locais.
Os Estados Unidos ainda lideram a lista, com 69 franquias brasileiras em atuação (antes, eram 61). Portugal vem em segundo lugar, com 51 redes (antes eram 41), seguido do Paraguai, com 44 (antes eram 26). Dentro do Top 10, o país europeu foi o que teve a maior variação.
Uma das redes brasileiras que aportou em Portugal foi a FiChip Food, especializada no prato britânico fish and chips. A primeira unidade internacional abriu as portas em agosto de 2021. A marca, fundada pelo empreendedor Hermes Bernardo, foi criada em 2013, e iniciou a expansão por franquias em 2018 – hoje são cerca de 100 unidades no Brasil. O plano inicial era que a inauguração no país europeu tivesse acontecido em 2020, com toda a preparação iniciada ainda em 2019.
Bernardo conta que, apesar de o negócio ter inspiração em um prato europeu, tinha sido desenvolvido para o paladar brasileiro, e precisou passar por adaptações para ser levado a Portugal. O adiamento ajudou a marca a se debruçar em um estudo mais aprofundado sobre questões como fornecimento, cultura local e logística. Agora, a rede também já tem prospecções nos Estados Unidos e Austrália.
Natan Baril, diretor de internacionalização da ABF, diz que Portugal se destaca, entre outros fatores, pela similaridade da língua, além de ser uma porta de entrada para a Europa. Os Estados Unidos ganham destaque pela abrangência econômica e o Paraguai, pela proximidade e pelas regras tributárias mais simples. “Serve inclusive como uma espécie de laboratório para aquelas marcas que desejam iniciar sua internacionalização”, diz.
As empresas do segmento de Moda foram as que mais se expandiram internacionalmente entre 2020 e 2021, passando de 36 para 44 marcas, mantendo a liderança. Entre elas, destacam-se a Gazin Semijoias, Uza e Via Mia. Este nicho é forte, sobretudo, pela exportação de produtos. Saúde, Beleza e Bem-Estar ainda está na segunda posição, com 36 marcas (antes eram 34), e Alimentação se manteve estável, com 27 operações.
Além da Fichip Food, a ABF cita como exemplos de internacionalização em 2021 as marcas Instituto Inspirar e Mais Top Estética. Outras redes, como Casa Bauducco e Ornare, intensificaram sua presença no exterior. Dentro de Alimentação, destacam-se redes de açaí, como Açaí Concept, Fast Açaí, Kingdom Açaí e Oakberry Açaí Bowl.
Para 2022, algumas redes também já anunciaram movimentos de internacionalização, como a Via Certa Educação Profissional, fundada pelo empreendedor Décio Marchi Junior, com 50 unidades no Brasil. A marca abrirá a primeira unidade nos Estados Unidos, sob comando de dois franqueados brasileiros, Maicon Wilk e Fernanda Perli. Por lá, o negócio funcionará de forma totalmente online, com foco em brasileiros que moram no país. Os empreendedores já têm negócios com a marca no Brasil, e agora expandiram a parceria.
Já na outra via, a presença de marcas internacionais no país se manteve praticamente estável, com 206 empresas, contra 205 anteriormente. A maior parte (84) é dos Estados Unidos, seguido de Portugal (20) e Espanha (16).
Para ajudar os empreendedores com interesse em se internacionalizar, a ABF, em conjunto com a Apex-Brasil, promove o Programa Franchising Brasil, que concentra uma série de atividades que estimulam e auxiliam as redes na internacionalização. Nos últimos anos, a entidade também lançou um Certificado de Franquia Internacional.
Fonte: PEGN