O setor de franquias registrou crescimento de 7,8% no terceiro trimestre de 2017 em relação com o mesmo período de 2016. De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (26) pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), entidade que representa o setor, o faturamento passou de R$ 38,8 bilhões para R$ 41,8 bilhões no intervalo. No acumulado para os nove primeiros meses de 2017, o segmento registra crescimento de 8% em relação a igual período de 2016, totalizando faturamento de R$ 116 bilhões.
Até o final deste ano, o setor espera manter o faturamento na casa de 8% e aumentar em 2% o número de franquias . Para 2018, as projeções indicam crescimento de 8% a 10% no faturamento e de 5 a 6% no número de unidades. Os números influenciam diretamente na taxa de emprego na área, que deve registrar crescimento de 0,5% a 1,5%, em 2017, e de 5% e 6%, em 2018.
Para Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF, o otimismo está relacionado ao período de retomada da economia, acompanhado das seguidas quedas na taxa de juros, da redução da taxa de desemprego e do movimento de redução do nível de inflação. “Tenho conversado com muitos franqueadores e todos eles estão nessa perspectiva de voltar a crescer dois dígitos”, disse, durante a 17ª Convenção ABF do Franchising.
Boa parte desse resultado é proporcionado por franquias presentes nas capitais brasileiras, que respondem por nove das dez cidades com maior número de unidades em todo o País. No entanto, a associação destaca a alta registrada em cidades do interior. Das cinco cidades com o maior crescimento no número de unidades franqueadas no primeiro semestre de 2017, três não são capitais: São José dos Campos (SP), com alta de 13%, Niterói (RJ), 12%, e Uberlândia (MG), 11%.
No mesmo período, quatro não capitais ficaram entre as dez com o maior crescimento da presença de marcas que atuam com o modelo: Campinas (SP), com alta de 20%, São José dos Campos (SP), 19%, Jundiaí (SP), 17% e Uberlândia, 17%. “As redes brasileiras estão procurando soluções nos mais diversos canais para atingir populações menores. Se antes tínhamos o franchising concentrado em cidades com mais de 300 mil habitantes, vemos isso paulatinamente migrando para municípios com baixa população”, explica Cristofoletti Junior.
A principal mudança, de acordo com a associação, está na adaptação no formato das franquias para cidades menores. Segundo Cristofoletti Junior, as empresas perceberam a “necessidade de ter soluções que possibilitam empreendedores com capital menor, um formato de investimento um pouco menor”. O conceito, segundo ele, também ajuda a rentabilizar mais o franqueado.
A projeção do setor aponta que, apesar de expectativa de alta no faturamento e no número de unidades, o número de marcas que trabalham com franquias deve diminuir 6% entre janeiro e dezembro de 2017. A explicação está no índice de unidades por marca, que deve ficar mais elevado. Assim, se antes mais empresas contavam com poucas lojas em uma cidade, agora, um número reduzido de marcas deve investir mais em novas pontos.
Entretenimento e eletrônicos com os maiores crescimentos
Ainda segundo o levantamento, os setores de entretenimento e lazer , com alta de 13,1%, e de comunicação, informática e eletrônicos , 12,7%, foram os que apresentaram o maior crescimento de faturamento na comparação entre o terceiro trimestre de 2017 e o mesmo período do ano passado. Em seguida, estão os segmentos de serviços e outros negócios e serviços educacionais , com 9,7% cada. No último caso, a análise está fortemente ligada à busca por qualificação dos trabalhadores em meio a crise.
O números da categoria foram influenciados pelos bons resultados de escolas de idiomas e redes de treinamento, que foram bastante demandadas por quem deseja crescer em sua área ou se recolocar no mercado. As áreas de casa e construção – impactada pela flexibilização do crédito imobiliário – e de saúde, beleza e bem-estar também registraram crescimento significativo, com alta de 9,2% cada. Com o maior faturamento, o segmento de alimentação registrou crescimento de 6,1% no período, totalizando cerca de R$ 10,8 bilhões no 3º trimestre desse ano.
Segundo Alexandre Guerra, vice-presidente da ABF, a retomada, ainda que sutil, das taxas de emprego, contribui com o resultado, já que boa parte do retorno financeiro do setor está ligado às despesas de trabalhadores durante o expediente. “A gente já sente uma retomada. Esse crescimento na parte de entretenimento e lazer indica que a gente vai ter uma retomada no volume de pessoas indo aos shoppings”, explica, ligando a frequentação dos centros comerciais com maior consumo em alimentação nestes locais.
Aprendizado com a crise
Com projeções mais otimistas para o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação em 2017, o setor considera ter ultrapassado o período mais acentuado da crise econômica. Para Alexandre Guerra, vice-presidente da ABF, o período deixa vários aprendizados para o setor. Um deles é a busca por avaliações equilibradas do momento econômico. Segundo ele, o índice de unidades fechadas no primeiro semestre desse ano ficou em 5%, 2 pontos percentuais a mais que em 2016. “Apesar de ter aumentado, se você comparar com o mercado geral, o número médio de fechamento é gritantemente menor”, analisa.
“O empresário está sempre trabalhando nos extremos no Brasil. A gente precisa liderar nossos negócios com uma visão mais de centro”, opina. Guerra também analisa o franchising como “um setor que se torna maior quando a gente tem um cenário econômico maior e se torna mais relevante no momento de incerteza”. Para ele, muitos empreendedores decidem abrir uma nova franquia pela segurança que o modelo oferece em situações menos favoráveis.
Já Cristofoletti Junior entende que os últimos meses fizeram os franqueados administrarem suas unidades de forma mais eficaz. Com isso, quem sobreviveu a esse período, se saiu fortalecido. “As taxas de crescimento estão se dando muito por crescimento interno”, explica. Segundo ele, muitos empreendedores conseguiram abrir novas franquias por conta do experiência obtida em um cenário mais adverso.