A melhora de alguns indicadores macroeconômicos no Brasil, o pequeno incremento no consumo das famílias e as estratégias de diferenciação das marcas de franquias. Esses são os principais fatores apontados para o crescimento nominal de 6,8% registrado pelo setor de franchising no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A análise é do presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Altino Cristofoletti, e da gerente de inteligência de mercado da ABF, Vanessa Bretas, que apresentaram ontem a Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising.
De acordo com o levantamento, enquanto o faturamento de abril a junho do ano passado foi de R$ 35,180 bilhões, este ano, se considerado o mesmo período, foi a R$ 37,565 bilhões. Quanto ao faturamento acumulado dos últimos 12 meses, o estudo revela que o sistema de franquias alcançou crescimento de 8,4%, com avanço da receita de R$ 144,615 bilhões para R$ 156,784 bilhões. Para Cristofoletti, a pequena reação da economia ajuda a explicar o crescimento registrado no último trimestre. Ele destaca a queda da inflação, a expansão do crédito às famílias e o tímido crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Os R$ 44 bilhões advindos dos saques do FGTS também foram uma injeção importante na economia e impactou nos negócios do franchising”, diz.
Mas o presidente lembra que o crescimento também está diretamente relacionado às estratégias de diferenciação das marcas. Segundo Cristofoletti, o franchising tem apostado na eficiência de seus negócios, buscando melhores processos, capacitando seu time e inovando na forma de entregar seus serviços e produtos. “O Brasil é muito grande e há diversidade em suas regiões. As marcas estão entendendo isso, regionalizando produtos e criando novos modelos que caibam nessa diversidade. Além disso, os empresários estão percebendo que elas não precisam estar só dentro do shopping ou na rua, mas também dentro de uma universidade ou de um hospital, por exemplo”, analisa.
A pesquisa também mostra uma estabilidade no movimento de abertura e fechamento de franquias no Brasil. De acordo com o estudo, houve um aumento de 3,2% no número de pontos de venda abertos no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, o número de pontos de venda fechados cresceu 1,3% nessa mesma base de comparação. Dessa forma, o saldo é positivo de 1,9%.
Expansão interna – O presidente da ABF comenta que, apesar de o setor não registrar grande expansão em número de unidades, o que a associação tem percebido é uma tendência de “expansão interna”. “Há um movimento de franqueados abrindo a segunda, terceira e quarta unidades. Nós os chamamos de multifranqueados e eles são o reflexo de um amadurecimento do mercado. Esse movimento é importante para manter o setor dinâmico”, afirma.
A análise por segmento apontou que “Hotelaria e Turismo” foi o segmento com maior variação de receita trimestral registrada: 10,1% de crescimento. De acordo com Vanessa Bretas, o número positivo está relacionado a um processo de recuperação do segmento que, em 2016, teve uma queda acentuada. Outra área que se destacou por bom desempenho foi “Saúde, Beleza e Bem-Estar”, que saltou 9,4%. O setor, segundo a ABF, “investiu pesado” em outros canais de venda como plataforma on-line e porta em porta, o que pode explicar o crescimento. Na terceira posição do ranking dos destaques positivos está o segmento de “Casa e Construção”, com avanço de 8,6%.
Para o presidente da ABF, os saques do FGTS tiveram uma influência direta nesse segmento, tendo em vista que muitas pessoas usaram esse recurso para reformar e renovar suas casas.
Fonte: Diário do Comércio