Por Marcia de Chiara | Depois de dez anos sem abrir um novo restaurante ao longo das rodovias, o Frango Assado, conhecido pelo tradicional pão de semolina e pela coxinha, se prepara para ter uma cara nova e enfrentar a concorrência.
A marca septuagenária, adquirida em 2008 pela International Meal Company (IMC), uma das maiores empresas do varejo de alimentação da América Latina e Estados Unidos, quer ampliar a sua presença nas estradas paulistas.
Hoje tem 25 restaurantes em rodovias e a intenção é chegar a 100 lojas dentro de cinco a dez anos. “O potencial é gigantesco”, diz Alexandre Santoro, CEO da IMC.
No momento, a empresa também avalia entrar com o Frango Assado dentro das cidades, mais especificamente em shoppings. A retomada dos planos de expansão da bandeira ocorre após a IMC começar a arrumar da casa.
Santoro entrou na companhia em junho de 2021, no repique da pandemia e após a incorporação da MultiQSR, master franqueada da Pizza Hut e KFC no Brasil. Vindo dos Estados Unidos, ele trouxe no currículo a experiência na presidência mundial da Popeyes, uma das gigantes de fast-food, também de frango.
“Perdemos do dia para noite a maior parte da receita por causa da covid”, lembra o executivo. Ele conta que atacou três frentes para iniciar a reestruturação da empresa.
A primeira foi voltar a faturar e ter rentabilidade. “Por oito trimestres seguidos, a margem do negócio da IMC retornou ao que era antes da covid”, diz. No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida consolidada do Grupo atingiu R$ 530 milhões, com crescimento de 17% ante igual período de 2022, aponta a demonstração de resultados.
Além do Frango Assado, a receita do Grupo inclui outras marcas, como Viena, KFC, Pizza Hut, Olive Garden, Batata Inglesa e um catering – serviço de alimentação feito por uma empresa que prepara as refeições em um local apropriado para isso e depois as serve em outro espaço.
Outro ponto na arrumação da casa foi reestruturar a dívida. Mesmo com toda a dificuldade de se obter crédito no mercado, agravada pelo episódio da Lojas Americanas, a empresa conseguiu levantar no início deste ano um financiamento bancário. Obteve R$ 200 milhões, com juros menores, para pagar outra dívida mais cara, explica o executivo.
A companhia também vendeu por US$ 40 milhões uma operação das lojas do aeroporto do Panamá, cujos recursos foram usados para abater a dívida. De acordo com os resultados do primeiro trimestre, a empresa encerrou o período com uma dívida líquida de R$ 300,1 milhões.
“Melhorando a eficiência do negócio e organizando a casa financeiramente, conseguimos voltar a crescer”, argumenta o executivo. No fim de 2021, após dez anos, a empresa abriu uma nova loja Frango Assado, na Rodovia Anhanguera, sentido Ribeirão Preto (SP). Ao longo de 2022, a companhia se debruçou sobre uma série de estudos para reposicionar a marca.
Hoje com 25 restaurantes nas rodovias paulistas, o Frango Assado fatura cerca de R$ 800 milhões por ano e respondeu pela maior fatia das vendas do Grupo no primeiro trimestre de 2023 (31%). A concorrente, Graal, tem o dobro de restaurantes em rodovias espalhadas por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Na via Dutra, por exemplo, a rodovia de maior tráfego do País, a companhia tem apenas um restaurante da bandeira Frango Assado. A intenção é expandir com lojas grandes, de 2 mil metros quadrados, nessas e em outras vias de grande fluxo. Também estão sendo avaliadas lojas mais enxutas em estradas de menor tráfego. O executivo não revela quanto será investido.
A nova cara
Estudos feitos pela companhia revelaram que existem vários públicos que frequentam o Frango Assado nas rodovias em momentos diferentes de consumo. Isto é, durante a semana há viajantes que querem fazer uma parada rápida para tomar um lanche, usar o sanitário e ou ter acesso a uma estação de trabalho. Aos finais de semana, predominam as famílias com crianças e pets.
Por isso, o novo modelo de loja, que começa ser testado na rodovia Governador Carvalho Pinto (SP-70), inclusive com uma identidade visual nova, pretende atender a esses dois públicos simultaneamente.
A nova loja terá uma área reservada para quem quer atendimento rápido e outra ala voltada para quem tem mais tempo e viaja a passeio. “Vimos que em algumas lojas dá até para fazer drive-thru”, diz o executivo.
De toda forma, as pesquisas realizadas com viajantes apontaram que o que faz ele parar num posto de rodovia é banheiro, combustível e comida. Por isso, a companhia entende que os pontos de parada têm de cumprir os três quesitos.
Fonte: Estadão