A força do franchising brasileiro – que cresceu 9,4% no primeiro trimestre de 2017, em relação ao mesmo período do ano passado e faturou no período R$ 36,89 bilhões, contra R$ 33,7 bilhões, respectivamente, segundo a última pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF) – abre uma série de oportunidades para marcas brasileiras e estrangeiras.
Segundo o mesmo levantamento, estão presentes no Brasil 161 marcas estrangeiras, (5,2% do total), com maior concentração nos segmentos de alimentação (29%), comunicação e informática (19%), moda (10%) e saúde, beleza e bem-estar (13%). Os países que mais têm representantes aqui são: Estados Unidos (42,9%), Portugal (9,9%) e Argentina (8,7%).
Durante a ABF Franchising Expo 2017, que aconteceu entre os dias 21 e 24 de junho, em São Paulo, várias delas se apresentaram. Algumas, com décadas de Brasil, como a argentina Havanna, especializada em alfajores, e a portuguesa Arranjos Express, especialista em customização e reparos de roupas; e outras que desembarcaram nos últimos três anos, já durante a recente e forte crise econômica e política vivida pelo Brasil.
Apesar das dificuldades de um mercado que convive com instabilidade política, inflação alta e dólar caro e instável, as mais recentes não se intimidaram e seguem buscando investidores em todas as regiões do País. Os segmentos são variados como cosméticos, alimentação, vestuário e beleza.
Criada na Inglaterra, a marca de cosméticos The Body Shop aposta em um mercado consumidor cada vez mais preocupado com questões como comércio justo e proteção aos recursos naturais. No Brasil já são 113 pontos de vendas entre lojas e quiosques. No mundo, a rede conta com uma rede de 3 mil lojas, em mais de 60 países. De acordo com a CEO da The Body Shop no Brasil, Ana Okamoto, investir no País significa prospectar oportunidades em um mercado que responde bem aos valores da marca.
“Chegar aqui em um momento conturbado nos faz pensar em trazer conhecimentos que se traduzem em treinamentos, capacitação, vendas consultivas, estudo sobre sazonalidades e ações táticas como inovação nos pontos de venda e capacidade de negociação com os parceiros. É ter perspicácia para gerar eficiência operacional”, defende Ana Okamoto.
Especializada em óculos – com mais de 400 modelos disponíveis -, a norte-americana Nys Collection Eyeware aproveitou o evento para lançar o modelo home based, que consiste em uma maleta que comporta 100 modelos de óculos. Também há três anos no País, segundo a diretora da marca no Brasil, Cristiane Capella, a Nys se vale da própria história para enfrentar os percalços brasileiros.
“Digo que tivemos um treinamento intensivo, como sobreviver às crises nos Estados Unidos em 2008. É certo que o Brasil é um grande desafio, mas a nossa meta é ter 200 unidades em 10 anos no País. Este é um período que pode gerar grandes oportunidades porque está mais fácil negociar. O verdadeiro empresário tem que pensar sempre em longo prazo”, aponta Cristiane Capella.
Ter atravessado com sucesso a crise que abalou Estados Unidos e Europa em 2008 também é um dos trunfos da portuguesa BodyConcept, estreante na ABF Franchising Expo, em 2017. A marca lusitana propõe o modelo de academia estética, em que a cliente paga uma mensalidade (R$ 240, em média, a depender do plano) e pode frequentar o espaço duas vezes por semana e realizar até três tratamentos por vez.
Segundo a coordenadora operacional Brasil do Grupo Concept, Danielly Endo, o diferencial para o franqueado é a otimização do espaço, que permite que até oito clientes sejam atendidas em uma hora. “Brinco que não existe crise em estética. No ano passado, foi o segmento que mais cresceu, chegando a 15,5%, segundo dados da ABF. A mulher pode reduzir, mas não deixa de consumir. Temos experiência em enfrentar crises. Em 2008, muitas empresas fecharam na Europa e resistimos porque soubemos inovar no nosso modelo”, afirma Danielly Endo.
Fonte: Diário do Comércio