No universo das franquias, o empresário curitibano Carlos Wizard Martins é um verdadeiro ícone. A fama é justificada. Depois de começar a sua trajetória como professor de inglês, sua veia para os negócios veio à tona em 1987, quando fundou em Campinas, interior de São Paulo, a escola de idiomas Wizard. Nos anos seguintes, com forte apoio do modelo de franchising, ele construiu a maior rede do segmento, reunida sob a bandeira do grupo educacional Multi. Em 2013, a operação foi vendida à britânica Pearson, por cerca de R$ 2 bilhões.
Passados quatro anos, Wizard prepara uma nova ofensiva para seguir como uma das principais referências de gestão e de sucesso para futuros empreendedores. Longe das salas de aula, a nova grande aposta recai sobre a Mundo Verde, maior rede de produtos naturais do Brasil, com 400 lojas franqueadas no País. Comprada em 2014 por Wizard, a rede marcou a sua volta ao mundo dos negócios. E é hoje um dos carros-chefe da Sforza, holding de private equity familiar que o empresário, eleito o EMPREENDEDOR DO ANO EM SERVIÇOS pela DINHEIRO em 2016, toca ao lado dos filhos, Charles e Lincoln. “A Mundo Verde é o nosso segundo maior ativo e representa 40% das receitas da holding”, diz Wizard.
A varejista faturou R$ 530 milhões no ano passado, alta de 12% sobre 2015. E, sob a justificativa da busca crescente dos consumidores por produtos saudáveis, ele projeta um novo crescimento sustentável em 2017. “Vamos chegar a uma receita de R$ 600 milhões.” Para essa meta se tornar realidade , a Mundo Verde planeja um investimento de R$ 30 milhões neste ano. Boa parte desse aporte será destinada a uma frente ainda pouco explorada pela companhia: as marcas próprias. Atualmente, dos 5 mil itens oferecidos nas lojas da rede, 200 se enquadram nessa categoria, exclusivamente no segmento de alimentação.
Agora, a empresa está estendendo a oferta a outros segmentos. A primeira investida foi lançada em março. Trata-se da marca Elixir, de produtos de beleza e de saúde para mulheres entre 30 e 60 anos. Segundo estudos encomendados pela franqueadora, 75% dos clientes se encaixam nesse perfil. As seis novas linhas incluem desde produtos para pele, unhas e cabelos até suplementos, óleos e chás para controle de peso e prevenção do envelhecimento precoce. Para Alexandre Guerra, vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a estratégia da Mundo Verde é acertada.
“A empresa tem uma marca forte que transmite mais credibilidade para o produto”, diz. “Ao mesmo tempo, cada vez mais, ela tem um canal de distribuição em larga escala para essas linhas.” Dentro dessa seara, outras novidades já estão no radar da varejista.
“Estamos avaliando a entrada em categorias como suplementos para atletas”, afirma Charles Martins, filho de Wizard, que comanda a operação da Mundo Verde. Todos os produtos da linha de marcas próprias são fabricados por fornecedores selecionados. A companhia, no entanto, não revela quem são esses parceiros. “Queremos que as marcas próprias representem 50% da nossa receita em cinco anos.” Hoje, essa participação é de 12%.
A expansão é mais uma prioridade da Mundo Verde. Em 2016, foram inauguradas 51 lojas. Para esse ano, a projeção é de pouco mais de 60 unidades, especialmente em regiões como o interior de São Paulo e Minas Gerais. “Nosso plano é chegar a mil franquias no prazo de cinco anos”, afirma Charles. A empresa também está fortalecendo a aposta em tecnologia para ampliar a rentabilidade de seus franqueados. A companhia oferece sistemas de análises de dados, que, entre outros recursos, ajudam a definir elementos como o sortimento e o mix mais adequado para cada loja e região. Os esforços não estão restritos à varejista de produtos naturais.
Todas as empresas da Sforza têm planos em andamento. Na marca esportiva Rainha, por exemplo, a estruturação de um modelo de franquias é uma das iniciativas em avaliação. Wizard vê espaço para criar uma rede com vestuário, artigos esportivos, de fitness e lifestyle. Já na rede de fast food de comida mexicana Taco Bell, lançada em agosto no País pelo grupo, a previsão, a princípio, é fechar 2017 com 20 lojas. Essa expansão, no entanto, pode ganhar velocidade. “Estamos buscando investidores e fundos para acelerar essa expansão”, afirma o empresário. “Considerando os resultados sólidos que temos alcançado, é natural que parceiros nos procurem para fazer parte do negócio.”
Fonte: IstoÉ Dinheiro