Pesquisa com dados de startups de alimentação de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México mostra que empresas nacionais focam no mercado interno
Por Redação
A Endeavor e a Pepsico se uniram para identificar as principais tendências do setor de foodtechs em cinco locais: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México. Segundo relatório divulgado nesta terça-feira (26/10), foram identificadas 323 startups do setor de alimentação em operação nestes países. Delas, 102 dividiram informações por meio de questionário. Também foram feitas 20 entrevistas com diferentes pessoas do ecossistema, incluindo empreendedores, investidores, fundos de investimento (VCs) e aceleradores de empreendedorismo.
O estudo revela que 26% dos respondentes se expandiram internacionalmente. Os destaques são o Chile e a Argentina, países nos quais 52% e 49% das empresas, respectivamente, internacionalizaram suas operações. Depois vem a Colômbia, com 25%. Os números são menores no México (21%) e no Brasil (15%), lugares em que as startups, em geral, permaneceram dentro das fronteiras.
O motivo, diz a pesquisa, é o número de habitantes. “Com populações de 128 milhões e 211 milhões, respectivamente, o México e o Brasil têm pouco incentivo para expandir rapidamente para outros países, uma vez que o mercado local já apresenta grande oportunidade para o crescimento”, diz a pesquisa. Por outro lado, startups na Argentina e no Chile, que têm população local menor, buscam mercados no exterior.
Os destinos de expansão mais populares, em ordem de colocação, são: Estados Unidos, México e Brasil. A Argentina, por sua vez, é o país menos visado para operação internacional.
Segundo o relatório, os principais setores de atuação das 323 foodtechs mapeadas são: logística e gestão de dados (22%); vendas (17%); produtos orgânicos, naturais ou saudáveis (16%); e-commerce e marketplaces (13%); inovação na indústria tradicional (12%); transporte e distribuição (12%); novas comidas (7%); e embalagem (1%).
O investimento aumentou nos últimos dez anos, com um total de 206 rodadas de capital nas quais US$ 1,7 bilhão foram investidos nos estágios iniciais. Combinados, os anos de 2020 e 2021 representam 64% do capital total investido desde 2011.
Na visão de Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor Brasil, o investimento de grandes corporações em startups é uma situação em que todos ganham. “Ecossistemas abertos e colaborativos comprovadamente geram mais inovação e crescimento. A colaboração qualificada entre os participantes da cadeia gera eficiência e economia de custos,
reduz o tempo de entrada de novas tecnologias no mercado e faz com que toda inovação
processos ainda mais rápidos. Além disso, esta colaboração permite flexibilidade e co-aprendizagem, o que leva a novos produtos e a novos mercados”, afirma em comunicado.
As foodtechs também são importantes na geração de vagas — essas 323 empresas são responsáveis por mais de 29 mil empregos diretos. Entre as startups com menos de dez anos de operação (279 negócios), apenas 24% conseguiram gerar 50 ou mais empregos diretos. Ainda assim, elas 83% do total de empregos da área. “Isso indica que a produtividade do setor está concentrada em um pequeno grupo de empresas com modelos inovadores que conseguem escalar e promover a criação de empregos”, diz o estudo.
O Brasil concentra 123 das foodtechs identificadas — 33% delas dos setores de logística e gestão de dados. Dessas empresas, 54% têm acesso a financiamento e conseguiram arrecadar US$ 828 milhões desde 2011. Quando se trata de expandir para mercados internacionais, os destinos principais são Argentina, Colômbia e México.
Como conclusão, o estudo traz algumas recomendações para os países analisados. “O governo tem o poder de promover o crescimento do ecossistema definindo políticas, regulamentos e concentrando recursos em programas que estimulam a inovação”, pontua o documento. A atenção deveria ser principalmente em educação de ciência, incentivos fiscais e encorajamento de produção local.
Para os fundos de venture capital, uma das recomendações é investir em startups em estágios iniciais que precisam de dinheiro para colocar a ideia em operação.
Fonte: PEGN