Para conseguir crescer, os food trucks de São Paulo têm deixado de lado a venda de rua e investido em alternativas como loja fixa e até atendimento em avião.
A estimativa do setor é que 400 veículos tenham entrado no mercado entre 2013 e 2015 -dos quais 10% já encerraram as atividades.
Falta de planejamento e gestão, concorrência alta e limites da lei municipal de comida de rua, de 2014, são os principais problemas.
Para atuar na cidade, o comerciante precisa adquirir uma autorização do município e procurar a subprefeitura da região, que define os locais permitidos.
“O problema é que a prefeitura escolhe ruas de pouco movimento, em que não passam pessoas, por conta do trânsito. Esse critério não funciona quando se vai abrir um negócio”, diz Juliana Berbert, consultora do Sebrae-SP.
“A lei surtiu pouco efeito, 95% dos trucks trabalham em eventos”, diz Alcides Braga, sócio da Truckvan, empresa que transforma caminhões para a venda de comida.
De acordo com o município, até junho deste ano foram emitidas 243 autorizações, 126 delas na zona oeste. A prefeitura diz que cada subprefeitura tem autonomia para dar autorização aos veículos, mas em diversas áreas não há demanda.
Para driblar as dificuldades, a Massa na Caveira, van que vende pizzas, inaugurou um espaço no Tucuruvi. “A ideia é que a loja e o truck se complementem”, explica o sócio Raphael Corrêa.
Já o Buzina, que tem dois caminhões, passou a disponibilizar pratos da marca em voos internacionais da Azul. “Quando começamos, achávamos que nosso negócio podia ser só na rua, como é nos EUA. Mas tivemos que nos reinventar”, afirma o sócio Márcio Silva.
NO ÔNIBUS
O faturamento bruto de um food truck costuma ficar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil por mês. Para empresários, ainda é viável entrar no setor, mas é preciso se destacar. “Quem investe agora no segmento procura um diferencial nesse mar de produtos”, diz Braga, da Truckvan.
Exemplo disso é o Busger, que tenta unir entretenimento aos sanduíches. Inaugurado em maio de 2015, fica dentro de um ônibus escolar americano em um estacionamento alugado no Ipiranga.
“Eu não vendo hambúrguer, vendo a experiência, a música. Enquanto estava todo mundo preocupado com autorização para ficar na rua, eu estava pensando em como fazer o maior truck do Brasil”, diz o sócio Rodrigo Arjonas. Por mês, o ônibus vende 8.000 hambúrgueres e já abriu uma segunda unidade.
Mesmo quem já está no mercado tem tempo de ajustar a rota, de acordo com Berbert, do Sebrae-SP. “Há áreas inexploradas na cidade e é possível buscar um novo público”, diz ela.