A Flytour -Gapnet, segunda maior operadora de turismo do país após a fusão entre as duas marcas em dezembro do ano passado, tem meta de crescer apenas 5% este ano em faturamento por causa da fraca demanda. A conjuntura adversa terá que ser compensada por meio da captura de sinergias entre as duas e ganhos de fatias de mercado, disse o presidente da empresa, Christiano Oliveira.
“A demanda corporativa ainda está fraca. O tíquete segue mais baixo, especialmente no segmento internacional”, disse Oliveira, que assumiu o cargo esta semana, dentro do processo de integração das duas operações – a da Flytour, uma das três maiores operadoras de viagens de negócios do país que faturou R$ 4,1 bilhões em 2015, e a Gapnet, segunda maior consolidadora de passagens do mercado brasileiro (operação de atacado que atende agências de turismo de varejo) dona de um faturamento de R$ 1,6 bilhão ano passado.
A meta do grupo, que ficou sob o guarda-chuva da holding Innovation Travel Brasil, é aumentar em 5% o volume de vendas este ano, para a casa de R$ 6 bilhões. Para a receita líquida, a Flytour-Gapnet planeja crescer 8%, para R$ 350 milhões – o ganho que fica na empresa após os repasses aos fornecedores (empresas aéreas, hotéis e outros, cujas vendas são intermediadas).
A líder do setor, a CVC – dona ainda da distribuidora de passagens e serviços de turismo RexturAdvance e da agência on-line Submarino – encerrou o ano passado com volume de vendas de R$ 6,3 bilhões e receita líquida de R$ 881,9 milhões.
O presidente da Flytour-Gapnet diz que o processo de integração das duas companhias permitiu capturar R$ 11 milhões em sinergias em cinco meses. O grupo é formado por 2,3 mil funcionários, 18 filiais e um leque de empresas que inclui consolidadora, operadora e agências de viagens, promotora de eventos e agência on-line de turismo.
Parte da economia obtida com as sinergias vai ajudar a bancar investimentos que a Flytour-Gapnet vai fazer este ano, principalmente em sistemas e tecnologia. “Estamos investindo este ano R$ 30 milhões em tecnologia, com recursos próprios”, disse Oliveira.
Esses recursos estão sendo usados em ações como transferência de dados para ‘nuvem’, unificação de back-office, desenvolvimento de novos aplicativos e contratação de 40 colaboradores. “São investimentos relevantes no contexto do mercado”, afirmou o presidente do grupo, filho do fundador da Flytour, Eloi D’Ávila de Oliveira, que ficou na presidência do conselho da holding.
Ele diz que o tíquete médio no setor de viagens do país ainda está cerca de 20% abaixo dos padrões de meados de 2014, mas apontou que o grupo está compensando a receita média menor por passageiro com incremento de cerca de 15% no volume de pessoas embarcadas, tirando mercado de agências menores.
“Ainda temos sinergias a capturar em vendas, mas até abril acumulamos neste ano crescimento de 13% no segmento corporativo e de 26% da operadora [lazer]”, afirmou.
O executivo projeta alguma melhora na demanda por viagens – em especial no segmento corporativo, onde a Flytour-Gapnet tem mais de 65% da receita – apenas em meados de 2017. “Dentro de uns 12 meses é que o tíquete médio deve voltar aos patamares de meados de 2014. Será um retorno gradativo, que só começa a ser desenhado na medida em que a confiança do empresariado voltar”, afirmou.
Segundo dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), no primeiro trimestre o setor de viagens de negócios no Brasil teve retração de 12%, movimentando R$ 2,4 bilhões. O recuo mais acentuado se deu no segmento de ‘transfer’ (queda de 28,2% nas vendas), seguido por serviços diversos (redução de 21%), hotelaria internacional (menos 16%), aéreo doméstico (menos 13,9%), aéreo internacional (menos 11%), hotelaria nacional, eventos e locação de veículos.