Programa “prime” começa após concorrentes; presidente diz que empresa “não está fechada” a IPO
A Fast Shop, rede da família Kakumoto, vai entrar mais pesadamente na disputa pelas vendas on-line. A rede vai lançar no início do ano um programa de assinatura com frete grátis chamado “Fast Prime”, a R$ 9,90 ao mês. Já no varejo físico, deve iniciar a operação em dois novos Estados em 2021 – Santa Catarina e Espírito Santo.
Sempre discreta em suas ações, a companhia faz o movimento três anos após a Americanas.com, controlada pela B2W, lançar um serviço “prime” – hoje chamado “Americanas Mais” – e depois da Amazon iniciar no país o seu programa “prime”, em 2019.
Serão duas opções de assinatura, sendo a “Fast Prime” a mais básica, e a segunda chamada “Fast Prime Plus”, a R$ 21,90, com um pacote mais completo de serviços. Os preços finais ainda estão em fase de definição.
Reconhecida pelos serviços e atendimento para classe A, a ideia é oferecer um plano de benefícios mais acessível, que atenda a outros públicos, e amplie o conhecimento do mercado sobre o modelo de operação da rede. Mas sem mudar seu foco. “Queremos que nosso conceito, baseado em serviços e atendimento especializado, seja mais conhecido, e que o consumidor possa entender a diferença da gente para os outros”, disse o presidente Rafael Kakumoto,
Inicialmente, o foco do programa está nas praças onde a empresa opera com frota própria, e pode ter controle da logística, em 11 Estados. A companhia já oferece hoje um conjunto de serviços para quem compra qualquer produto (como instalação e atendimento remoto), e terá os novos planos com opções paralelas. Entre os serviços futuros estará um concierge, espécie de atendimento “vip” para problemas como atraso nas entregas, e uma modalidade de entrega prioritária, em menos tempo que o atual envio rápido. Segundo Kakumoto, hoje 70% dos pedidos chegam ao cliente em até um dia útil.
“Isso ocorre porque montamos uma estrutura de distribuição para além do que precisamos. São 11 centros para 86 lojas. Temos estrutura preparada já. Não precisamos fazer o caminho de outros, que estão ampliando venda para depois abrir seus centros de distribuição”, disse Eduardo Salem, diretor de marketing e negócios digitais.
Para especialistas, ao apresentar um programa de benefícios premium, a Fast Shop quer se manter competitiva para seu próprio público. Nos últimos tempos, Amazon e Magazine Luiza vêm buscando mais espaço nas classes A e B, com a proposta de uma prestação de serviços mais eficiente. O Ponto Frio, da Via Varejo, também explora esse segmento.
A Fast Shop ainda deve abrir centros de distribuição em Santa Catarina e Espírito Santo em 2021, com as primeiras lojas nessas regiões – a empresa não diz quantas unidades serão. Historicamente, abre no máximo cinco lojas ao ano, porque não tem intuito de se tornar uma cadeia com centenas de pontos, diz Kakumoto.
“Estamos atentos a isso, não estamos fechados, mas não há decisão tomada. Não somos contrários, é uma questão de achar a ‘janela’, de ter uma governança pronta”, disse. Os pais de Rafael ainda atuam na área estratégica da rede. Segundo fontes do setor, a ideia de um IPO ainda dividiria os sócios.
A varejista prevê expansão de 15% a 20% no faturamento deste ano, para até R$ 5 bilhões, e estima repetir essa variação em 2021. É um índice abaixo da média do mercado – o varejo eletrônico tem crescido, em média, 30% ao mês.
O executivo diz que o fechamento das 86 lojas, quase todas em shoppings, durante a quarentena, atrapalhou os resultados – mesmo com alta de até 350% na venda on-line. “Os shoppings ainda estão vindo devagar, não retornou ao normal. Por isso crescemos menos que o mercado”.