A crise econômica que passou a assolar o Brasil a partir de 2014 causou estragos em diversos segmentos, mas um deles parece estar imune à recessão e cresce em ritmo chinês no País. O varejo farmacêutico tem vivido seu melhor momento de sua história. Em Campinas, o número de drogarias abertas quase dobrou nos últimos dez anos, saltando de 342 farmácias em 2008 para 590 em junho deste ano, conforme dados da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) – uma expansão de 72,5% ao longo da década.
É disparado o tipo de varejo que mais se expande na cidade, seguido pelos ramos de alimentação e eletroeletrônico. Em toda a Região Metropolitana de Campinas, já são 1.405 estabelecimentos desse tipo, quase 600 a mais que há dez anos.
“O consumo de medicamentos foi muito mais expressivo nos últimos anos do que qualquer outro tipo de consumo. Teve alta de 24% a mais que a taxa de crescimento do comércio e serviços em Campinas na última década. Com a crise, o consumidor abre mão de certos gastos, mas na área da saúde não pode economizar. Se tem uma dor de cabeça, ele precisa comprar seu remédio”, comenta o economista da Acic Laerte Martins.
Dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) atestam que, entre as redes associadas à entidade – equivalente a 9,2% do total de 76 mil farmácias do País e de 45% do faturamento do setor -, o número de lojas abertas no Brasil tem crescido ano a ano: 5.085 em 2013; 5.570 em 2014; 5.964 em 2015; 6.763 em 2016 e 7.240 em 2017.
Segundo o presidente executivo da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, a concorrência aquecida no segmento ajuda a explicar a expansão das drogarias. “Esse número vem principalmente da abertura de novos pontos de comercialização e maior ocupação de mercado, com ganho de market share. É obvio que essa estratégia leva a uma disputa nos mercados que já atuamos, com possível canibalização das vendas de lojas já maduras”, explica.
Barreto reforça que o aumento da quantidade de farmácias também é reflexo de uma busca crescente dos brasileiros por mais qualidade de vida. “É uma demanda dos tempos modernos. O Brasil está envelhecendo e o sistema de saúde público não consegue absorver tanta demanda em um território imenso. Já as farmácias têm plenas condições de atuarem como zeladoras do bem-estar populacional, especialmente pela sua proximidade com o cidadão”, acredita.
Só entre janeiro e maio deste ano, a entidade contabiliza movimentação de R$ 18,9 bilhões, 8% a mais que no mesmo período de 2017, ano em que já havia batido recorde histórico de R$ 44 bilhões entre as redes associadas. Os números correspondem a 978.917.061 unidades de produtos comercializados nos cinco primeiros meses do ano, entre medicamentos e não medicamentos.
“Não podemos ignorar a abrangência física das grandes redes, que somam mais de 7 mil lojas espalhadas por 795 municípios brasileiros, alcançando regiões carentes em assistência médica e até mesmo, com pouca atuação do governo”, conclui Barreto. A notícia é da redação do Correio Popular.
Fonte: Panorama Farmacêutico