Por Redação | Transformar as lojas em hubs de saúde tem sido o principal foco do varejo farmacêutico. Para além da venda de medicamentos, as farmácias passaram a contar com serviços como verificação de glicemia, aferição de pressão arterial, teleorientação, testes rápidos, vacinação e acompanhamento da saúde dos clientes. No entanto, segundo Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), o setor ainda enfrenta dificuldades para ampliar essa oferta, devido à legislação. “Além da implantação das vacinas e dos testes, agora precisamos dar um passo que não demos porque a legislação não permite. Nós temos a RDC nº 44, uma resolução da Anvisa que é de 2009. Para se ter uma ideia, o único teste que podemos fazer, que é autorizado pela RDC, é o teste de sangue de glicemia capilar. Então estamos pressionando a Anvisa para atualizar essa regra, porque se não atualizar, não podemos oferecer outros serviços”, explica o dirigente, em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News.
Tendência Internacional
Baseado em cases do exterior, Sergio aponta que o setor pode ir muito além. Na Itália, por exemplo, os clientes podem fazer exames como Mapa (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial), Holter e Eletrocardiograma diretamente nas farmácias. “Cada vez mais, a farmácia vai ser uma porta de entrada do sistema de saúde. É como o NHS, que é como se fosse uma Anvisa e Ministério da Saúde inglesa, propõe: ‘Pharmacy First’. Ou seja, primeiro você vai na farmácia. Se lá não resolver seu problema, você vai ao hospital. E tem que ser assim, porque está cheio de gente ocupando os hospitais com crise de garganta ou problema de pele, que pode cuidar na farmácia”, analisa o CEO.
Demandas do Varejo Farmacêutico
Outra pauta da Abrafarma é o fechamento da Reforma Tributária, para garantir que os benefícios recebidos pelo setor sejam mantidos na regulamentação. O projeto prevê uma redução na tributação dos remédios vendidos no país, sendo que 383 medicamentos serão isentos de taxas e os demais terão uma redução de alíquota na ordem de 60%. “Temos outras questões em andamento, como os MIPs (medicamentos isentos de prescrição) em supermercados, que somos contra, e a regulamentação de prescrição, que tem que avançar para a gente sair do papel e ir mais para o digital”, destaca Sergio. No movimento de digitalização, o dirigente exemplifica que uma bula digital poderia usar inteligência artificial para explicar ao consumidor como utilizar o medicamento.
Categorias e Canais em Alta
O varejo farmacêutico tem observado uma volta do movimento de higiene e beleza, que havia desacelerado na pandemia. O segmento gerou R$ 16,1 bilhões de receita para as redes no primeiro semestre e liderou o crescimento do setor, com 17% de alta. “Dentre as categorias que estão despontando, temos alimentos e nutrição”, revela o CEO. Em canais, o destaque é o e-commerce, que cresceu 45%, com faturamento de R$ 6,4 bilhões. “Isso comparado ao ano passado, que já tinha crescido 70%, e, no ano anterior, 40%.” As 29 empresas afiliadas à Abrafarma movimentaram R$ 49,63 bilhões no primeiro semestre deste ano, com crescimento de 14,2%, e preveem superar R$ 100 bilhões em 2024.
Fonte: GiroNews