Nielsen vê aumento no consumo a partir de 2018. A consultoria espera uma retomada do crescimento da economia brasileira e do consumo de bens e serviços.
A Nielsen informou que espera uma retomada do crescimento da economia brasileira e do consumo de bens e serviços a partir de 2018. Para este ano, a projeção média para o Produto Interno Bruto é de queda de 3,3% e, para 2017, uma estabilidade, com incremento de 0,3%. Para 2018, a previsão é de que o PIB cresça 1,5%.
“A expectativa é que, em dois anos, a economia volte a crescer, assim como o consumo. E o varejo precisa estar atento para as mudanças que vêm ocorrendo, para estar preparados no momento da retomada”, afirmou Tatiene Vale, analista de mercado da Nielsen.
Uma das mudanças é a influência dos preços. De acordo com dados da Nielsen, 52% dos consumidores aumentaram o volume de compras de produtos quando se depararam com promoções. “O preço é uma das principais alavancas de vendas, mas os varejistas precisam entender se precisam ou não fazer promoção”, disse a especialista.
De acordo com a consultoria, no ano passado, todas as categorias de produtos tiveram mais promoções. O segmento de limpeza caseira fez 85% mais promoções que em 2014; higiene e beleza fez 75% mais promoções; a área de mercearia, 73%; bebidas não alcoólicas baixou preços 82% mais que em 2014 e bebidas alcoólicas, 59% mais.
Na visão dos analistas da Nielsen, no entanto, isso não precisava ser feito. Na área de limpeza caseira, por exemplo, 50% dos produtos teriam sido vendidos mesmo sem promoção. Em higiene e beleza, esse índice é de 47%; em mercearia, 44%. Em bebidas não alcoólicas, 82% do consumo aconteceria mesmo sem promoção e em bebidas alcoólicas, 71% do consumo se manteria.
“Higiene e limpeza caseira são áreas em que fazer embalagens promocionais geram mais vendas do que a redução de preço. Já alimentos e bebidas respondem melhor a promoções”, afirmou Tatiene.
A consultoria também informa que, por conta do aumento da procura de consumidores pelo atacarejo, os hipermercados precisam mudar as linhas de produtos. “Antes as pessoas faziam as compras do mês no hipermercado, agora ele se tornou um local para compra de reposição. Aumenta a procura dos consumidores por outros itens. A procura por produtos frescos, por exemplo, cresceu quatro vezes em 2015”, disse Tatiene. Além de alimentos frescos, ela sugere aos hipermercados concentrarem-se no início do mês em promoções de refrigerantes, biscoitos, sabonetes, salgadinhos, sabão e detergentes. Dessa forma, pode ganhar um espaço perdido para o atacarejo.
Lucas Bellacosa, analista de mercado da Nielsen, também sugere melhorias na reposição de produtos nas gôndolas, para evitar a perda de vendas por falta de produtos. Em 2015, houve perda de 4,6% nas vendas do varejo devido à falta de produtos nas prateleiras, ante 3,5% no ano anterior.
Bellacosa também destaca o ganho de importância que a geração “millennials” (de 21 a 34 anos) ganha no país. Esse grupo é formado por 52 milhões de pessoas. Juntas, elas gastaram no ano passado R$ 63,5 bilhões. Em 2019, o consumo dessa geração vai chegar a R$ 76,4 bilhões. Com isso, a participação desse grupo no consumo será 8% maior do que em 2015.
“É uma geração 10% mais leal às marcas do que as demais. É um público que tem maior potencial de expansão de consumo e que tem uma lista diferente de itens que consideram essenciais. Para essa geração, produtos como água de coco, cappuccino, maquiagem, higiene íntima e mistura alcoólicas são itens básicos nas compras mensais”, disse Bellacosa.