Eles receberam salários até 144% acima da média do segmento em que atuam, pertencem a um grupo que faturou R$ 10 milhões no ano passado e são conhecidos no meio em que circulam, no alto escalão das empresas, como “executivos fora da curva”. Seus nomes, assim como os das companhias que comandam, são mantidos em sigilo em acordos de confidencialidade que preveem multas tão altas quanto os contratos que assinaram.
A remuneração desses executivos é negociada diretamente com os conselhos de administração e incluem salários mensais de “três dígitos” (R$ 280 mil a R$ 300 mil), bônus e incentivos de longo prazo – que podem abranger ações da companhia.
Cinco dos executivos do alto escalão que conseguiram ficar “acima da média” e se destacar em 2016 comandam empresas de consumo, commodity, varejo, incorporação e saúde (rede hospitalar).
A explicação para obter ganhos tão expressivos é que esses profissionais conseguiram comandar processos de reestruturação nessas companhias, que não só as fizeram sair do vermelho mas também crescer entre 20% e 30% mesmo com a retração da economia. Como dizem alguns consultores, é a turma do “deixa comigo que eu resolvo”.
Além disso, são profissionais que executam projetos de curto prazo com alta expectativa de retorno. Pesquisas e estudos de consultorias especializadas no alto escalão mostram que as coisas não foram tão ruins para os que ficaram “dentro da média”.
Dados da Page Executive, do grupo Michael Page, mostra que salários fixos de presidentes de empresas brasileiras variaram de R$ 44 mil a R$ 105 mil. A remuneração anual foi de R$ 916,5 mil a R$ 3,185 milhões, em média – incluindo a parte fixa, bônus (de 4,5 a 9 salários fixos mensais) e metas ou incentivos de longo prazo (de 3 a 8 salários fixos mensais).
As informações constam da pesquisa de remuneração de 2016-2017, com 1.015 executivos entrevistados, a partir de uma base de dados de 13 mil profissionais. Nas multinacionais, esses números estão um degrau abaixo, mas não muito longe das nacionais.
A demanda por executivos cresceu 15% no primeiro trimestre deste ano comparado ao último de 2016, diz Fernando Andraus, diretor-executivo da Page-Executive. Áreas como infraestrutura (com leilões de energia, novas concessões de rodovias e aeroportos), saúde e economia digital são as que mais têm demandado esses profissionais.
Quem são eles? “O perfil é de profissionais preparados para enfrentar um mercado cada vez mais globalizado. Muitos fizeram especialização ou MBA fora do país, têm fluência em inglês e numa terceira língua e profundo conhecimento em negociação avançada, desenvolvimento de negócios e influência”, diz Claudio Toyama, CEO da Toyama&Co., empresa de consultoria de liderança, com sede em Washington e atuação em Londres e São Paulo.
Fonte: Supermercado Moderno