Nos últimos dois anos, Miguel Krigsner, fundador do O Boticário, conciliou as atividades do cargo de presidente do Conselho de Administração do Grupo para retomar uma antiga paixão: fazer perfume.
O executivo, que há tempos não participava diretamente da produção de um produto, esteve empenhado no desenvolvimento do primeiro perfume destinado ao público masculino pela marca Eudora, do grupo O Boticário.
Denominado de Impression, o perfume que será lançado em agosto, terá Rodrigo Lombardi como garoto-propaganda.
Em entrevista exclusiva a EXAME.com, Krigsner, comentou sobre sua participação no projeto e se mostrou otimista com o lançamento do perfume. Confira abaixo:
EXAME.com – Você parou de desenvolver produtos? Por que resolveu voltar desta vez com Eudora?
Miguel Krigsner – Na verdade, eu nunca parei. Essa é uma paixão antiga e da qual tenho uma enorme satisfação. Naturalmente que hoje temos um time de desenvolvimento mais amplo, que promove inovações na perfumaria todos os dias e eu me envolvo em momentos especiais, como este de Eudora. Criar este projeto foi um orgulho. Tenho certeza que será mais um sucesso na perfumaria masculina nacional.
EXAME.com – Isso significa alguma mudança institucional da empresa e, se sim, em que sentido?
Miguel Krigsner– Não, nenhuma. Continuo com minhas atividades no Conselho de Administração do Grupo Boticário e na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, mas sempre reservo um tempo para me envolver em uma das áreas que mais tenho paixão: a de desenvolver novos produtos.
EXAME.com – Como efetivamente foi a ajuda no desenvolvimento?
Miguel Krigsner – Trabalhamos 1 ano e 6 meses no projeto e ao longo deste período, estive em contato direto com as equipes de desenvolvimento, marketing e produto. Foram mais de 50 pessoas envolvidas em todo o processo. É muito gratificante ver que o tempo só reforçou a cultura da inovação na nossa organização, com pessoas tão criativas. Realizamos inúmeras reuniões estratégicas para decidir não só o posicionamento, a criação do conceito e a embalagem, mas principalmente, seu caminho olfativo – um dos grandes diferenciais deste perfume.
EXAME.com – No processo, houve alguma decisão ou ideia específica que seja sua? Pode nos contar qual?
Miguel Krigsner– Trabalhar com o que se gosta misturando criatividade e inspiração é algo que me fascina. Estive envolvido em todo processo do Impression – desde a concepção até os testes finais. Foi realizador. Também sugeri que as notas fossem mais fortes e marcantes, por exemplo. Os homens gostam de perfumes amadeirados e com saídas mais potentes. Também contribuí com a ideia de colocar uma “digital” holográfica na embalagem do Impression – para traduzir a força do homem no produto.
EXAME.com – Há ainda algum produto/marca desenvolvido por você ainda no portfólio da empresa?
Miguel Krigsner– Sim, ainda existem algumas fragrâncias que trabalhamos lá atrás e que ainda estão no portfólio, claro, com inovações. O mais icônico – sem dúvida – é o Malbec, de O Boticário, que é perfume masculino mais vendido no Brasil. É também o único no mundo que utiliza álcool vínico em sua produção, obtido pela fermentação das uvas – uma inovação que nós criamos há muitos anos. A ideia de sua criação nasceu durante uma visita a uma vinícola no Chile. De volta ao Brasil, lançamos uma fragrância com uma riqueza olfativa e um potencial enorme de negócios.
EXAME.com – Além desse perfume masculino, pretende participar do desenvolvimento de outros produtos? Quais e por quê?
Miguel Krigsner – Nunca me fecho para essa possibilidade, mas no momento não. Estou muito focado no Impression – que trará o rosto do ator Rodrigo Lombardi como protagonista. Ele também é um apaixonado por perfumes como eu.
EXAME.com – Quanto está sendo investido no novo perfume e quais as expectativas de vendas com relação a ele?
Miguel Krigsner – Por estratégica da empresa, não podemos falar em investimentos, mas estamos otimistas com a expectativa de vendas, já que é um produto de alta qualidade. A vaidade masculina está em alta e aquece o mercado de beleza.
EXAME.com- O investimento previsto pela companhia neste ano, como um todo, de R$ 250 milhões, se manteve? Pode abrir quanto do montante foi destinado à infraestrutura, quanto a marketing?
Miguel Krigsner – Mantemos o ritmo de investimentos com foco no crescimento sustentável de todas as nossas marcas – sem restrição. Com a economia instável é preciso estar atento aos movimentos e investir na estratégia certa. Porém, para inovação e desenvolvimento de produtos e marcas, o olhar é sempre prioritário.
EXAME.com – A ação é uma tentativa de personificar a marca ou o próprio Boticário? Por que fazer isso agora e quais as vantagens e riscos dessa estratégia?
Miguel Krigsner – Não se trata de personificação, mas sim de uma proposta de valor diferente. Temos marcas com propósitos e estratégias diferenciadas. Eudora é uma marca moderna que conta a história de protagonismo de homens e mulheres, representa o perfil empreendedor e inovador do Grupo Boticário e, principalmente, o foco em proporcionar a melhor experiência de consumo aos nossos clientes.
EXAME.com – Qual a expectativa da companhia para o setor neste ano?
Miguel Krigsner – O atual cenário econômico brasileiro dificulta projetar o crescimento da organização. Ainda assim, conseguimos manter um crescimento expressivo frente ao setor e a economia. O Brasil ocupa um dos principais lugares dentro da perfumaria e cosmética mundial e é visto como um dos países de maior potencial de crescimento do setor. Mas para garantir um bom resultado é preciso promover inovações constantes, principalmente na qualidade dos produtos ofertados, como é o caso deste nosso lançamento de Eudora, a fragrância Impression.
EXAME.com – Pode falar das expectativas de crescimento e operação da companhia para 2017?
Miguel Krigsner – Apesar da crise e do cenário de retração, nossa projeção de crescimento é maior do que o ano passado. Temos crescido mesmo em anos difíceis como foi 2016. Se o Brasil der a volta por cima e reconquistar a confiança do seu povo, teremos crescimento em todos os setores e, consequentemente, mais investimentos, geração de empregos e oportunidades.
Fonte: Exame