Por Rennan Setti | Um ano após a fusão entre BR Malls e Aliansce Sonae, que criou o maior grupo de shoppings do Brasil, a Allos — marca resultante da união — começa o ano otimista com a retomada da economia e dando continuidade à estratégia de vender empreendimentos menos “essenciais”, conta o CEO Rafael Sales.
Em conversa com a coluna, o executivo explica a estratégia por trás da venda de ativos — só em 2023, a companhia levantou R$ 1,8 bilhão se desfazendo de fatias de shoppings — e quais tendências vem identificando entre os consumidores.
Único cadeirante entre CEOs de grandes empresas abertas brasileiras — ele ficou tetraplégico em 2018, após acidente durante um treino de jiu-jítsu —, Sales está à frente do patrocínio da Allos ao Wheelchair Tennis Elite. O torneio reúne alguns dos maiores tenistas cadeirantes do mundo e começa, nesta quinta-feira, dentro da programação do Rio Open.
Veja abaixo os principais textos da entrevista:
Um ano depois, como o sr. avalia o processo de fusão que deu origem à Allos?
Conseguimos integrar os times, mesmo havendo um histórico de concorrência. Foi um desafio. É difícil ter a capacidade de dividir a experiência sem impor. O objetivo era que esse processo de integração das equipes não durasse mais que seis meses, senão gera muita ansiedade. Tivemos alguma redução no quadro, até porque havia alguma sobreposição, mas a maior parte da sinergia prevista vem dos benefícios de se operar junto. E conseguimos colocar uma marca nova em meados do ano passado que simboliza essa sinergia. Sobre a cultura interna, é uma construção diária, gradativa e permanente. Já a integração completa do back office se dará este ano.
Como o sr. avalia o cenário macroeconômico?
Sempre que há queda de juros, o cenário é mais positivo. Até porque a subida foi muito intensa, levou a um movimento brusco de secagem de liquidez. Mas terminamos o ano muito melhor do que podíamos imaginar. Com a queda dos juros, o lojista está mais animado para abrir lojas. A discussão da reforma tributária evoluiu melhor do que se imaginava, e há uma relação menos conflituosa entre governo e empresariado. O governo está se comunicando melhor, inclusive com os pequenos empresários. E a gente acabou tendo um PIB muito melhor já no ano passado, com inflação controlada. Estou otimista, o ano tende a ser muito melhor do que antecipávamos.
Fonte: O Globo