Presidente da rede CNA de idiomas, Décio Pecin diz que não se considera um líder nato e que está satisfeito com seu trabalho
Aos oito anos, disse: “Queria trabalhar de gravata na Avenida Paulista”.
Respondeu Décio Pecin Jr. a uma professora de escola primária quando ela perguntou o que o menino queria ser quando crescesse. Pecin ainda não sabia da existência da palavra “executivo”, tampouco conhecia com exatidão o que esse profissional fazia. No entanto, Pecin sabia que queria seguir essa carreira, e seguiu.
Começou a atuar como executivo no Banco Bradesco, ainda na década de 1990. Conseguiu a oportunidade de iniciar na carreira justamente graças ao domínio de uma segunda língua – o inglês – que permitiu a Pecin atuar pelo banco no exterior. Este fato, segundo ele, é um dos responsáveis por hoje fazer parte do ramo de ensino de idiomas.
Desde 2010, o executivo de 46 anos é presidente da franquia de escolas de línguas CNA, uma empresa com cerca de 400 mil alunos, 605 unidades espalhadas pelo País, e com perspectivas de aumento de 10% nas receitas. A franquia espera ainda fazer a abertura de 40 a 50 novas escolas de línguas no ano de 2017, focando principalmente as regiões Norte, Nordeste e os interiores dos estados de Minas Gerais e São Paulo.
No entanto, além da expansão horizontal – abertura de novas unidades CNA pelo País – Pecin ressalta que a empresa também está buscando crescer verticalmente desde 2015. “Mais do que abrir novas escolas, nós estamos nos esforçando para aumentar a qualidade dos serviços oferecidos pelas unidades que nós já temos. Para isso, é necessário investimento, pesquisa e dedicação. É disso que se trata o crescimento vertical. No entanto, para não criar concorrência para os nossos próprios franqueados, decidimos também expandir nossa rede de franquias pelo interior”, afirma.
Começo e inspiração
Eu me inspiro muito na figura de meu antecessor e fundador da empresa, Luiz Gama. Tenho muito orgulho de ser seu primeiro e único sucessor. Procuro manter seus valores e virtudes, tentando agregar mais profissionalismo e inovação à sua gestão. É uma pessoa que tenho como referência de liderança e carisma, um líder nato que move montanhas. Eu não me vejo como um líder nato. Prefiro dizer que procuro ser exemplo para os nossos funcionários.
O maior obstáculo
Os nossos maiores obstáculos estão em nós mesmos. É o fato de um gestor achar que é maior do que realmente é, maior do que a corporação, ou ainda que apenas o conhecimento técnico, aquele que se aprende na faculdade, já é suficiente para ser um bom gestor. Esse é um obstáculo interno, difícil de se enxergar e complicado de se combater, porque os obstáculos externos a gente vê e desvia.
Tempo de maturidade
A maturidade que a gente adquire com o tempo. Mas um bom gestor precisa, além de conhecimento técnico, de capacidade emocional, humana e política, não política partidária, mas sim, política corporativa. Um bom administrador precisa sempre buscar conhecimento interno e externo. Externo, para se destacar entre os demais, e interno para se tornar maduro em menos tempo.
Caminhando com a empresa
As pessoas tem que se sentir importantes nas decisões estratégicas da empresa. É por isso que, enquanto gestor, eu quero sempre estar rodeado de gente. Eu adoro ouvir o que meus colaboradores dizem, independentemente de seus níveis de hierarquia.
Olhando para frente
As nossas unidades e nossos franqueados têm que se preparar para o aumento de demanda, tanto pela recuperação da economia, que já está acontecendo em 2017, como pelo aumento de pessoas que estão procurando aprender um novo idioma. Elas estão mais exigentes, ou seja, não querem uma formação rasa.
Obstáculos ao empresariado
Ainda existe muita intervenção governamental e política na economia. Isso faz com que o mercado brasileiro seja um constante mar agitado. Não à toa, os empresários e executivos brasileiros costumam ser bem vistos no exterior, afinal, eles são obrigados a encontrar soluções rápidas e inovadoras para todas as adversidades.
Diagnóstico e reconhecimento
Nunca podemos estar 100% satisfeitos com nós mesmos. Os gestores sempre precisam encontrar algo para melhorar ou aprimorar. No entanto, não há mal em se comemorar bons resultados. Da mesma forma que as pessoas ficam tristes quando algo ruim acontece, elas devem celebrar os acontecimentos felizes. Posso dizer que estou satisfeito com meu trabalho.
Conselho aos colegas gestores
Eu diria que as pessoas devem fazer o que lhes faz feliz, priorizando a felicidade, e não o dinheiro. Eu gosto do que faço, de estar com pessoas e tento, na medida do possível, ser um líder que as inspira.
Às vezes falta tempo
Eu gostaria de ter mais tempo para praticar alguma atividade esportiva, rever meu calendário semanal, ter um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, mas o momento exige esse esforço. Eu sou um executivo que me cobro muito, sou realmente exigente comigo mesmo. É um momento de retomada, de crescer. Estou muito feliz com o momento da empresa. Devemos acelerar, investir tempo e recursos para que possamos fechar um ciclo de sucesso ainda em 2017.
Fonte: Estadão