Diante da crescente concorrência com o varejo virtual, grupos como a Br Malls e a Ancar Ivanhoe apostam em serviço de entrega para garantir que a tão falada multicanalidade chegue ao setor
Repensar a função dos shopping centers diante de uma oferta cada vez maior de canais para consumo têm sido preocupação constante dos administradores dos espaços. Para concorrer em pé de igualdade com o varejo virtual e com lojas de rua, grupos como a BR Malls e Ancar Ivanhoe iniciaram operação de delivery.
Entrar no ramo de entrega, no entanto, exige grande esforço por parte do administrador do shopping, que precisa ter um controle robusto dos estoques e uma agilidade imensa para garantir as entregas no prazo estipulado.
Nessa empreitada, tanto a Br Malls quanto a Ancar usaram um parceiro em comum: a Delivery Center. Especializada em logística de carga fracionada, a empresa encabeça a operação em shoppings como Downtown, no Rio de Janeiro, onde a Ancar Ivanhoe é proprietária dos blocos 5, 7 e 17.
“Esse é um projeto ambicioso e piloto na nossa rede. Ele nos permitirá oferecer uma nova possibilidade para os nossos clientes. A partir de agora, o shopping chegará à casa deles, e não o inverso. Nosso objetivo é levar esta solução para os demais shoppings da rede espalhados pelas cinco regiões do Brasil”, comenta o copresidente da Ancar Ivanhoe, Marcelo Carvalho.
De acordo com ele, o pedido pode ser feito tanto pelo iFood, quanto pelo WhatsApp, o que abre um leque de opções para os consumidores, e torna a operação mais dinâmica.
De acordo o CEO da Delivery Center, Andreas Blazoudakis, o foco é ser dinâmico nas entregas – que podem ser feitas em até uma hora. “Combinamos a expertise do comércio tradicional, que é a venda física, com a nossa, que é a venda online integrada com a logística urbana. Essa colaboração oferece um atendimento a que as pessoas não estão acostumadas no e-commerce tradicional”, comenta ele, que também é cofundador da Movile e acionista de empresas como iFood, Apontador, Ingresso Rápido e Sympla.
De acordo com o executivo, a estrutura da operação é vital em um momento de hiperconectividade do consumidor. “Isso é bom para os empreendedores, que deixam de se sentir ameaçados para entrar de vez no mercado online, vendendo mais sem a necessidade de aumentar sua estrutura física para atender os clientes. É bom para os consumidores, que ganham em praticidade.”
Este modelo de entrega, bastante difundido em mercados na Ásia e nos Estados Unidos, é chamado de online-to-offline (O2O) ainda tem muito espaço para crescer no Brasil.
Um cliente de peso
Mais do que a parceria com as operações da BR Malls, hoje uma das maiores controladoras de shopping do Brasil, o Delivery Center recebeu em maio um investimento não majoritário da administradora.
“Acreditamos que o desenvolvimento desta solução, além de possibilitar incremento de vendas aos lojistas, aproximará shoppings e varejistas na busca de novas soluções para desafios decorrentes de e-commerce e do consumidor multicanal”, disse a Br Malls, quando anunciou o investimento na Delivery Center.
De acordo com o texto enviado aos acionistas “A aceitação inicial do projeto pelos lojistas tem sido promissora e buscaremos o desenvolvimento de novas soluções para criar valor aos lojistas e acionistas no longo prazo.”
Segundo Blazoudakis, que continuará à frente da empresa de entrega, a Delivery Center atua de uma forma pouco comum dentro do delivery, o que sustenta os planos de expansão. “Atualmente, existem muitas plataformas fechadas – em que o cliente ou entra totalmente, ou fica de fora. O que apresentamos é diferente: as empresas podem investir em seus estoques ativos sem perder valor”, conclui.
Fonte: DCI