Quando pensamos em veículos para o delivery, muitos meios de transporte vêm à cabeça, mas as entregas feitas por drones e robôs parecem pertencer a um futuro muito distante, certo? Errado. Em diversas empresas, os testes estão em fases mais avançadas do que você imagina, é o caso da rede carioca Zona Sul e do iFood.
Desde o dia 30 de novembro, a unidade Santa Mônica do supermercados Zona Sul, localizada no bairro da Barra da Tijuca (RJ), em parceria com a Ambev e a startup MyView, está realizando entregas por drones terrestres e já iniciou os pilotos para começar operar com drones aéreos também.
“O projeto de delivery por drones é dividido em duas fases. A primeira é com os equipamentos terrestres, que já estão sendo aplicados em formato comercial. A fase dois é com os drones aéreos, que ainda dependem de aprovações e evolução da legislação para a gente poder escalar. Mas já estamos fazendo algumas experimentações com eles também”, explica o CEO da MyView, Thiago Calvet.
Como funciona
Antes de tudo, importante apresentar o drone terrestre. Trata-se do robô D4, com mais ou menos 1,20m de altura e 70cm de largura, ele suporta compras de até 25 quilos. Depois de receber o pedido via WhatsApp, as mercadorias saem embarcadas e fazem o trajeto pelas calçadas até os condomínios atendidos inicialmente pelo projeto. Os produtos são entregues a agentes que os levam até as portas dos moradores por patinetes elétricos.
O software da MyView permite o monitoramento do trajeto à distância. Ou seja, a tecnologia pode ser implantada em outras cidades e monitorada de uma única central.
Segurança e frete
Com relação à segurança, as perguntas são muitas: e se roubarem as compras ou o equipamento bater em algum pedestre? “Essa tecnologia já existe em países como Inglaterra e Estados Unidos e lá é possível implantá-la em centros urbanos. Aqui no Brasil, obviamente, você não pode botar em qualquer lugar por conta de roubo, apenas em locais mais controlados, como condomínios, shoppings, bairros menores ou cidades pequenas”, explica Calvet.
Quando se trata de outros supostos acidentes, ele assegura que o sistema é inteligente e conta sempre com monitoramento remoto. Por exemplo, caso um cachorro ou uma pessoa se aproxime, é possível assumir o comando do robô de longe. Fora isso, o equipamento anda a apenas seis quilômetros de distância, tempo suficiente para alguém se afastar dele.
Outra grande questão é o frete. “No momento não está sendo cobrado. Mas quando for, será um valor menor do que o praticado por outros tipos de entrega. O robô é um modal adicional de delivery, a ideia não é onerar mais o cliente, pelo contrário”, pontua o CEO.
Benefícios para ao supermercadista
Além de todo o encantamento gerado nos clientes ao oferecer uma solução tão inovadora, de acordo com Calvet, outra vantagem é reduzir o custo e contar com uma automatização capaz de reduzir uma série de erros básicos de entrega.
O tempo para delivery, obviamente, depende da rota. No caso do Zona Sul, que no momento opera com apenas um robô (e tem mais um de backup), o trajeto de ida e volta é de sete minutos.
Segundo o CEO da MyView, o investimento para colocar a tecnologia para rodar não é alto. “A gente presta o serviço completo, oferecemos o software, o hardware, a equipe e toda a operação que fica alocada no supermercado. Inclusive agora estamos desenvolvendo também como adicional a operação de vendas, utilizando WhatsApp como plataforma.”
E o drone aéreo?
O Zona Sul já realizou uma operação piloto na mesma loja. A entrega foi transportada pelo drone aéreo MVD4-02, também desenvolvido pela MyView, até o condomínio Santa Mônica Jardins. O voo foi realizado dentro da legislação vigente e o processo inteiro durou menos de 30 minutos, desde o pedido até chegar à porta do cliente.
“Mas para a operação ser escalável, precisamos quebrar algumas barreiras da legislação atual, como o voo além da linha de visada. Atualmente você precisa ter um operador monitorando a operação, e a aeronave remota deve ficar dentro de sua linha de visão. Isso já limita o raio de entrega. Outra questão muito agravante é a questão do espaço aéreo baixo. É preciso ter uma integração das aeronaves, tanto dos drones, como dos helicópteros. Sem isso, você pode colocar em risco aeronaves tripuladas”, conta Calvet.
Entregas por drone aéreo então vão demorar para se tornar uma realidade no varejo? Bem, já está começando a virar. Mas para ganhar proporções realmente maiores, o CEO da MyView deduz que deve levar entre cinco e oito anos.
iFood também acompanha a evolução
A empresa de entregas iFood estava avançando com relação aos testes de delivery por drones aéreos até que veio a pandemia. “A empresa avalia o momento mais adequado para dar início ao projeto, levando em consideração o bem-estar e a saúde de colaboradores e parceiros. A previsão é de que os primeiros voos experimentais sejam realizados em dezembro”, revela o head de logística, Fernando Martins.
Já nessa fase de pesquisa e desenvolvimento, a empresa avaliou que cerca de 200 cidades brasileiras têm oportunidades de utilizar o drone. Em tempo, Martins reforça que os consumidores não irão receber os produtos voando.
“O iFood pretende reduzir o tempo de entrega dos pedidos realizados pelo app ao usar os drones em conjunto com outros modais, ou seja, eles são complementares. No projeto atual, uma rota de 400 metros ligará a praça de alimentação do Shopping Iguatemi Campinas (SP) e o iFood Hub, uma estrutura dentro do empreendimento que roteiriza os pedidos. Percorrer esse trecho entre a praça de alimentação do shopping e a saída do estacionamento pode levar 12 minutos. Já por drone, levaria em média dois minutos. A partir do hub, a última parte do trajeto é feita pelos entregadores”, esclarece.
Há também uma segunda rota de voo que será realizada em caráter experimental, com início previsto para fevereiro de 2021. A rota parte do iFood Hub e tem como destino final o droneport de um complexo de condomínios próximo ao shopping. “De acordo com as estimativas, a rota de 2,5 quilômetros, que por terra seria feita em dez minutos, passará a ser concluída em quatro minutos, portando um peso de cerca de dois quilos.”
Fonte: SuperVarejo