Transação envolve R$ 14 milhões em dinheiro, mais ações e um percentual a ser pago caso metas operacionais sejam alcançadas
Por Pedro Arbex
A Enjoei está pagando R$ 14 milhões em dinheiro por 95% da Gringa em duas parcelas anuais. Os 5% restantes serão pagos com 200 mil ações da Enjoei (o equivalente a R$ 646 mil na cotação de hoje).
A transação também inclui um earnout a ser pago em 2025 com a emissão de mais 7 milhões de ações da Enjoei caso a fundadora atinja certas metas operacionais — podendo elevar o total da transação para mais de R$ 35 milhões.
Fundada há pouco mais de um ano, a Gringa cresceu ancorada na imagem de sua fundadora, que começou sua carreira no programa Malhação e chegou a ser apresentadora do Vídeo Show, na Globo.
Fiorella tem mais de 3 milhões de seguidores no Instagram e outros 700 mil no Facebook.
A Gringa é um marketplace, mas oferece um serviço que é uma espécie de ‘concierge’. A plataforma retira os produtos na casa do vendedor, e em seguida faz toda uma curadoria, fotos e precificação. Por esse trabalho, a Gringa cobra um take rate que começa em 25% do valor da venda.
Por enquanto, a plataforma é focada apenas em bolsas e acessórios e trabalha com as principais grifes internacionais (daí o nome). É possível encontrar produtos de Louis Vuitton a Chanel, de Gucci a Prada, de Celine a Christian Dior.
As opções vão desde carteiras de R$ 500 até bolsas por mais de R$ 60 mil — mas o tíquete médio das vendas gira em torno de R$ 3.200.
Tiê Lima, o CEO da Enjoei, disse ao Brazil Journal que a Gringa “conseguiu construir em pouco tempo uma marca com características muito parecidas com as da Enjoei”, como alto engajamento e recorrência.
Segundo ele, 72% dos artigos colocados à venda encontram comprador em menos de três meses; em alguns casos, há filas de espera para comprar algumas bolsas à venda na plataforma.
Além do ecommerce, a Gringa vai abrir semana que vem sua primeira pop-up store no Shopping Leblon, da Aliansce Sonae.
A Enjoei não abriu o faturamento nem o EBITDA da Gringa, mas disse que a receita deve quadruplicar ano que vem, depois de já ter crescido 260% este ano — lembrando que a empresa tem apenas um ano.
Tiê disse que o múltiplo da transação vai “gerar valor para o acionista [da Enjoei], tendo como referência o múltiplo que a própria Enjoei negocia na Bolsa.”
A Enjoei vai aportar sua operação logística e a inteligência de dados que acumulou nos últimos nove anos de operação. Além disso, passará a enviar para a Gringa alguns vendedores que hoje trabalham com produtos de luxo na Enjoei.
“Vamos usar nossa tecnologia de pricing para definir qual das duas é a melhor plataforma para gerar liquidez para cada produto,” disse Tiê.
Após a transação, Fiorella continuará à frente da Gringa e como executiva da Enjoei.
“Ela é super conectada a esse ambiente de luxo e gosta e entende muito do assunto,” disse Ana Lu Mclaren, a chairwoman do Enjoei. “Outro dia eu mostrei uma bolsa Chanel que estava sendo vendida no nosso site e só de olhar a foto ela já sabia o ano de produção, o modelo, tudo.”
Fonte: Brazil Journal