Ideia é que municípios descrevam suas necessidades e companhias ofereçam a infraestrutura para atendê-las
Um grupo de empresas privadas ajustou nos últimos dias uma campanha para tentar ajudar prefeitos a organizarem a vacinação de suas populações. Na semana passada, o grupo lançou o movimento “Unidos pela Vacina”, com cerca de 400 representantes de associações e de companhias, e nos próximos dias, deve ser lançado um aplicativo que irá conectar prefeituras e empresas que fazem parte da ação. A ideia é que os municípios descrevam na plataforma o que precisam e as companhias possam tomar conhecimento da demanda e atender, dentro do possível. Não há ajuda financeira.
As demandas envolverão desde fornecimento de transporte de equipes, alimentação e estrutura de apoio à vacinação (mesas, cadeiras) até a liberação de empregados das companhias como voluntários para ajudar nas cidades.
“É uma espécie de ‘marketplace’ de serviços e produtos, sem envolvimento de dinheiro. A plataforma deve estar pronta na semana que vem”, disse Betânia Tanure, sócia-fundadora da Betania Tanure Associados e uma das organizadoras no projeto. A iniciativa ainda deve envolver apoio para eventual compra de insumos e logística e distribuição das vacinas pelo país.
Em paralelo, há um grupo voltado para a compra de vacinas pelo setor privado. O Valor apurou que há um interesse de empresas do setor de shopping center em adquirir vacinas de laboratórios quando a negociação pela iniciativa privada puder ocorrer. A Multiplan tem discutido o assunto com outras companhias da área, diz fonte.
Em relação ao “Unidos pela Vacina”, há diferentes iniciativas que evoluíram neste mês, com base em dois projetos piloto em andamento no Rio de Janeiro e em Nova Lima (BH), cidades selecionadas para implementar algumas ações.
“Por exemplo, em Nova Lima precisamos de dois carros com motorista para a equipe de atendimento e acionamos a Localiza. Além disso, a Chieko Aoki [fundadora e presidente do Blue Tree Hotels] disponibilizou parte da equipe dela para futuro atendimento em São Paulo, como na organização de filas e na parte burocrática, por exemplo. A intenção é fazer a ponte, criar a conexão entre secretarias municipais e as companhias”, disse Patrícia Tiensoli, fundadora do grupo “Mulheres do Brasil” do núcleo de Belo Horizonte, uma das organizações envolvidas diretamente no projeto.
Há subgrupos de trabalho com envolvimento direto de alguns CEOs nas ações, como Schalka, na área de insumos, e Kakinoff, em logística. Neste momento, líderes do “Mulheres do Brasil” estão coletando dados com prefeituras pelo país – por meio de grupos de mensagens pelo celular – para identificar gargalos e passar as informações aos subgrupos. Também lideram esses trabalhos Eliana Tameirão e Fernanda Andrade, ambas do “Mulheres do Brasil”
Segundo apurou o Valor, outras empresas do setor privado analisam a hipótese de compra de vacinas após for liberado a possibilidade para companhias. A Multiplan já teria contatado a Iguatemi e a Aliansce Sonae, do setor de shoppings, para discutir a questão. A Iguatemi prefere não avançar na ideia e a Aliansce estuda o assunto, dizem fontes. Procuradas, Multiplan e Iguatemi não comentaram a questão e a Aliansce Sonae informa que vai aguardar as orientações dos órgãos competentes.
Fonte: Valor Econômico