O número de empresas com executivos digitais dedicados a liderar a transformação nas companhias ainda é pequeno, mas triplicou nos últimos dois anos. Segundo um estudo da Strategy&, braço de consultoria da PwC, 19% das maiores empresas do mundo tinham um diretor digital ou “chief digital officer” em 2016, na comparação com apenas 6% em 2015.
O estudo analisou as 2.500 companhias com maior capitalização de mercado em todos os continentes. Na Europa, 38% delas já possuem um profissional com esse cargo. Na América do Norte, 23% têm um diretor digital, enquanto na América do Sul e Latina são 13%.
No Brasil, o sócio da Strategy&, Ivan de Souza, observa que a velocidade com que as empresas adotam o profissional ainda é lenta comparada com o resto do mundo, em parte por causa do momento de crise. Aquelas que possuem um diretor digital ainda estão em setores como varejo, bens de consumo, mídia e entretenimento.
Globalmente, o mercado financeiro tem tomado a dianteira na contratação de líderes digitais. Entre seguradoras, 35% têm um diretor digital e entre bancos, 27%, mesmo número de companhias de bens de consumo. No Brasil, segundo Souza, essa função ainda tem sido acumulada pelos diretores de tecnologia do setor.
O estudo aponta que ter um profissional de alto escalão dedicado à transformação digital é uma forma de centralizar os esforços da empresa nesse sentido. O mais comum ainda é ter iniciativas espalhadas por áreas diferentes, com uso de sistemas e tecnologias diversas e pouca troca entre os departamentos.
“As empresas estão entendendo que o processo descentralizado não produz os efeitos necessários, pois não há transferência de aprendizado entre as áreas”, explica Souza. Para o consultor, a figura do diretor digital permite mais velocidade e consistência no processo de implantação e mais visibilidade junto ao comitê executivo.
A tendência também aparece no perfil dos diretores digitais contratados. Dobrou o número desses profissionais com experiência na área de tecnologia (32%, na comparação com 14% em 2015).
As outras formações mais comuns são marketing, vendas e atendimento ao cliente. Para Souza, o movimento mostra que a transformação está começando a mudar de fato processos internos. “Se antes estava mais na iniciativa de criar um canal de venda novo, o processo digital agora está entrando no miolo das empresas.”
Fonte: Valor Econômico