A participação de uma celebridade na franquia pode gerar benefícios, mas não é o suficiente para garantir o sucesso da operação, alertam empresários e especialistas.
“Todo ano temos pelo menos um famoso aderindo ao sistema de franquias”, diz Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da ABF (Associação Brasileira de Franchising).
Há opções nos mais diversos segmentos, como alimentação, idiomas, academias, bufê infantil e estética.
Segundo Tieghi, a imagem do famoso funciona muito bem no marketing, o que acelera a expansão da rede e o reconhecimento da marca.
“O benefício é imediato, principalmente se for uma marca nova. A empresa tem sua imagem construída no mercado em período de tempo mais curto por estar associada ao nome da celebridade”, afirma Tieghi.
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O empresário Ronaldo Aisa no salão do bufê Casa X, em São Paulo |
Para o empresário Ronaldo Aisa, 45, a credibilidade associada à apresentadora Xuxa ajudou a alavancar sua franquia de bufê infantil.
Há dois anos, ele abriu a primeira Casa X no Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
“Uma das maiores dificuldades é fazer com que o seu negócio seja conhecido. No meu caso, antes mesmo da inauguração eu já tinha vendido 30 festas”, diz. “Afinal, a Casa X é o bufê da Xuxa.”
O projeto do salão tem elementos do antigo programa infantil da apresentadora. Um exemplo é um show encenado por personagens como o cachorro Txutxucão. Há também uma nave por onde o aniversariante desembarca com os pais durante a festa.
Aisa tem também outro negócio do ramo, de marca própria, o Espaço Zoe, no mesmo bairro. “A proporção de alcance de mídia e de retorno não dá para comparar.”
“A celebridade precisa ter a ver com aquilo que está sendo proposto”, afirma José Carlos Semenzato, presidente da SMZTO, holding parceira da apresentadora. “A Xuxa se envolveu, colocou todo o seu DNA”, diz.
O investimento para ter uma Casa X pode chegar a R$ 1,5 milhão e a previsão de retorno é de três anos.
No mês passado, a holding fechou contrato com o tenista Gustavo Kuerten para criar uma escola de idiomas para adultos. A expectativa é abrir 12 unidades até o fim deste ano.
Segundo Semenzato, a ideia é que Guga empreste o conceito de cidadão internacional para a rede, já que foi o número um do tênis e nomeado embaixador do hall da fama do esporte.
O empresário Rafael Spanopoulos, 30, decidiu juntar a paixão por artes marciais e o desejo de empreender para abrir uma franquia da Team Nogueira, academia de artes marciais dos gêmeos do MMA Minotauro e Minotouro.
“O fato de os irmãos fazerem parte da empresa foi o principal motivo que me fez ir atrás do negócio”, diz Spanopoulos, dono da unidade na Chácara Santo Antonio, zona sul de São Paulo.
Os irmãos lutadores comparecem às unidades para treinar, dar aulas e palestras.
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Academia Team Nogueira, em São Paulo |
CUIDADO
Apesar do nome famoso gerar benefícios, o consultor de negócio Marcus Rizzo recomenda cautela ao empreendedor antes de embarcar na parceria.
A escolha pela franquia, afirma, deve ser calcada na estrutura oferecida ao franqueado e na experiência do dono da marca no segmento em que atua.
Rizzo recomenda ainda observar se a marca tem unidades próprias, oferece suporte e treinamentos e conversar com ao menos quatro franqueados. “São eles que vão te contar se tudo o que foi prometido é entregue.”
A consultora Caroline Bittencourt, do Grupo Bittencourt, alerta que se associar a uma figura reconhecida pode trazer riscos.
“Qualquer ação do famoso reflete na operação. Deslizes, mesmo que na vida pessoal da celebridade, podem afetar as vendas”, afirma.
Bittencourt ressalta ainda que marcas de famosos costumam gerar maior expectativa do consumidor, que fica mais exigente com a qualidade do produto e do serviço em relação a marcas independentes.