Empresários e executivos do mercado varejistas criticaram o estado de letargia da economia e seus efeitos sobre o setor, no 4º Forum Nacional do Varejo, Consumo e Shopping Centers.
Ontem, comunicado do Instituto do Desenvolvimento do Varejo (IDV) pedia a renúncia da presidente Dilma Rousseff como melhor solução para a atual fase do país. ”Se fala muito em crise política, mas há uma crise anterior que é a falta de um projeto. Como é possível exigir a aprovação de medidas impopulares se não há unanimidade nem no Planalto”, disse, durante o fórum, Flavio Rocha, presidente do IDV e no comando da rede Riachuelo.
“Levy era boicotado no Planalto e perdemos a chance de transformações. A Argentina começou a fazer mudanças e essa sinalização está transformando aquele país. Então há caminhos”, disse Rocha.
Luiz Fernando Furlan, chairman do Lide, que promoveu o evento, falou sobre os efeitos da crise nas empresas. “Estamos passando por um desgaste e isso também afeta a imagem das empresas brasileiras lá fora”.
Ronaldo Iabrudi, presidente do Grupo Pão de Açúcar, acha que a crise que o Brasil enfrenta é algo positivo e o país deve sair mais forte desse cenário “num futuro próximo”, disse. “Eu espero que [o futuro] seja próximo mesmo”, completou.
“Ligamos a TV e vemos as surpresas que nos incomoda profundamente, e lá fora eles veem como um fortalecimento das instituições”, afirmou ele.
Também presente no evento, Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, voltou a falar, como já o faz de forma recorrente, em unidade do setor. “Agora nós temos um movimento de aprendizado da democracia e as grandes mudanças saíram de grupos que estudaram e fizeram mudanças concretas”, disse Luiza Helena. “O povo está com depressão e aí farmácia cresce”, brincou ela.
Artur Grynbaum, presidente do grupo Boticário, disse que o Brasil enfrenta hoje uma fase para “colocar as instituições á prova”, disse. “Não podemos achar que podemos ficar no nosso mundinho esperando que as coisas possam ser resolvidas lá fora”.
Ainda neste sábado, Iuri Miranda, presidente do Burger King, mencionou constrangimento em relação à fase atual do país. “Todos nós estamos envergonhados e eu não sei explicar a meus filhos o que acontece quando eles veem na TV, aí eu penso nos nossos clientes e sei que o que eles querem hoje é autenticidade, é verdade no que a gente vende”, disse.
Charles Desmartis, presidente do Carrefour no Brasil, comentou que a matriz na França tem acompanhando por meio da imprensa e de informações passadas pela subsidiária a respeito da crise política no país. “Quando o Lula foi levado para prestar depoimento nos chamaram para explicar, então é um acompanhamento natural do processo”, disse.