Um grupo de investidores brasileiros e chineses, sócios na empresa WFretes, uniu-se para criar uma operação de “lockers” no país. Trata-se do sistema de retirada de produtos, comprados pela internet, em armários instalados em espaços como áreas públicas, empresas e universidades. O plano da WFretes é começar a instalar os “lockers” nos metrôs na cidade do Rio de Janeiro em março, o que foi negociado com a concessionária do serviço.
Se o projeto avançar como planejado, o mercado de São Paulo deve passar a receber essa estrutura neste ano. No Brasil, nos últimos dois anos, novas empresas surgiram nesse setor. É o caso da polonesa Inpost, da Advent, que já começou a explorar o segmento.
Na WFretes (nome fantasia é Clique&Retire), o empresário Marcio Artiaga uniu-se à família Gontijo, da construtora JC Gontijo, e ao investidor Antonio Marcelo Ramos, para começar a estruturar esse negócio em 2017. Numa primeira fase, dentro do formato de startup, Artiaga associou-se a Ramos, da Somar Participações, empresa com investimentos em tecnologia. Em 2018, outros investidores juntaram-se ao negócio.
Por meio de um aporte de R$ 8 milhões, entraram na operação os chineses da Pakpobox, empresa que atua no mercado de “lockers” na Ásia, e o “family office” da família Gontijo. Ainda faz parte da sociedade a Odgers Interim, consultoria de reestruturação que tem como um de seus sócios Claus Vieira, ex-CEO da TecBan. Está previsto o aporte de mais US$ 35 milhões (R$ 140 milhões) de todos os sócios nos próximos cinco anos, para ampliar a atuação no país.
Recursos estão sendo aplicados em tecnologia, principalmente, e na fabricação terceirizada dos armários. No mundo, o sistema funciona de forma relativamente simples. Ao fazer uma compra pela internet, o consumidor decide se prefere retirar a mercadoria em algum dos “lockers” instalados e indicados pela varejista. O cliente já escolhe o endereço do “locker”. Se fizer essa opção, ele recebe uma mensagem com uma senha (ou QRCode – código de imagem) que destrava o armário.
A intenção é instalar 500 mil boxes para guardar os produtos em cinco anos. Para 2019, o projeto são 50 mil. Se o plano avançar, a empresa prevê faturar cerca de R$ 600 milhões em 2023.
Para que o negócio avance rapidamente, a empresa tem buscado parceiros. Os armários podem ser alugados pelas varejistas, donas dos sites de venda on-line. Artiaga diz que já contatou redes como Magazine Luiza, Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio) e B2W (Americanas.com, Submarino).
Os acordos não são de exclusividade. “Muita gente achava que era muito dinheiro para investir num negócio ainda desconhecido para alguns investidores. Quando começamos, ninguém entendia direito como funcionava”, diz Artiaga. Em 2011, o empresário vendeu a Digital Post, de logística e tecnologia para o grupo Suzano.
Outra questão é o modelo de logística, já que a WFretes não tem frota própria. A empresa diz que estão sendo negociados contratos com empresas de entrega, como a Loggi e o Uber. Questionado se isso não pode reduzir a rentabilidade do negócio, Artiaga diz que o modelo comercial define valores de contrato para cobrir esses custos.
Fonte: Valor Econômico