A Inbrands, holding de moda que reúne marcas como Ellus, Richards, Salinas, VR e Tommy Hilfiger, anunciou ontem mudanças em seu comando. Nelson Alvarenga Filho, fundador da Ellus e dono de 39,41% das ações do grupo por meio da NABR, assume como presidente executivo e presidente do conselho de administração. A Vinci Partners, dona também de 39,41% da companhia, fica de fora do colegiado. Gilberto Sayão da Silva e Alessandro Monteiro Morgado Horta, representantes da Vinci, renunciaram às cadeiras no conselho.
O colegiado passa a contar apenas com representantes da antiga Ellus: Nelson Alvarenga Filho, Americo Rodrigues Breia e Ricardo Affonso Ferreira. As mudanças, segundo fontes próximas à holding, devem-se à urgência em recuperar a principal operação da Inbrands: o varejo de moda. “Houve um entendimento dos acionistas de que era preciso melhorar a eficiência das lojas e a assertividade das coleções. O Nelson é a melhor pessoa para isso”, afirmou uma fonte que não quis ser identificada.
Esse também teria sido o motivo para a renúncia de Michel Sarkis como presidente da companhia, no mês passado. O executivo, segundo fontes, tem um perfil muito voltado à gestão operacional e financeira, mas pouca formação na área de moda. Ele comandou a Inbrands entre 2012 e 2016.
De acordo com outra fonte próxima à empresa, não há interesse, nem da Vinci Partners, nem da NABR, de mudar a composição acionária da Inbrands.
A Vinci Partners é sócia da Inbrands desde 2008. Gilberto Sayão e Nelson Alvarenga Filho foram co-presidentes do conselho de administração da holding desde então e elegeram presidentes com perfis voltados a fusões, aquisições, gestão e governança corporativa.
Nos últimos dois anos, no entanto, a Inbrands sofreu o impacto da recessão econômica no país, que provocou queda no consumo de vestuário e oscilações importantes no câmbio. Aproximadamente 30% das coleções da Inbrands são importadas.
Nos nove primeiros meses deste ano, a Inbrands registrou prejuízo líquido de R$ 95,8 milhões, ante um lucro líquido de R$ 12,8 milhões no mesmo intervalo de 2015. A receita líquida da companhia recuou 7,2% no período, para R$ 775,2 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) recuou 52,8%, para R$ 48,6 milhões.
A Inbrands possui atualmente um endividamento de R$ 600 milhões, sendo R$ 100 milhões em debêntures que estão nas mãos dos sócios e serão convertidas em ações, com participações iguais da Vinci Partners e da NABR.
A companhia também renegociou com credores o alongamento da dívida com uma nova emissão de debêntures, de R$ 470 milhões, com vencimentos em 2018 e 2019. Essas debêntures estão nas mãos de quatro bancos e cinco fundos de investimentos. A companhia tem ainda uma dívida de R$ 30 milhões com o Bank of China, com vencimento em 2017. Por conta das debêntures, a companhia não teria interesse em fechar o capital no momento, afirmaram fontes.