Para alcançar o sucesso do negócio próprio, os irmãos Leandro e Leonardo Castelo precisaram investir muito em seu sonho. O êxito da Ecoville no mercado de produtos de limpeza foi concretizado após muitos sacrifícios pessoais – sempre contando com o pai, José Edmar, como um alicerce.
A história da Ecoville começa com uma Kombi e alguns produtos caseiros alojados na parte interna do veículo. “A gente, basicamente, fabricava produtos de noite e saía para vender de dia”, conta Leonardo Castelo. Na época, o negócio idealizado pelos jovens empreendedores tinha como público consumidor apenas os moradores das ruas pelas quais o carro transitava, na cidade de Joinville, em Santa Catarina.
Hotel sem estrelas
Apesar de as vendas apresentarem resultados satisfatórios logo de início, era preciso investir mais na empresa para que a lucratividade fosse significativa. Essa necessidade levou pai e irmãos a tomarem uma decisão importante, que deixa Castelo com os olhos marejados ao lembrar: eles morariam no galpão onde fabricavam os produtos, longe do restante da família, para reduzir as despesas e aumentar a receita aplicada na Ecoville.
“Quando a gente resolveu vir para Joinville, era pra ter vindo a família. A gente fez um planejamento, mas naquele momento houve o primeiro erro. Ao invés de alugarmos o galpão para tocar o negócio, logo de cara nós pegamos o dinheiro e fomos investir na construção de um galpão. Era para a nossa família ter vindo nos próximos seis meses, mas as coisas não andaram como a gente queria, porque no começo era difícil. Não tínhamos dinheiro para alugar uma casa e queríamos focar no negócio, então ficamos por lá mesmo”, recorda o empresário.
A situação se estendeu por um período de dois anos. O longo tempo vivido dentro da fábrica causa certo arrependimento em Castelo. “Acho que não faria diferença a gente ter locado uma casa”, admite.
Expansão é a chave
Embora tenha deixado marcas, o período foi de indiscutível importância para a expansão da empresa. Depois de conseguir elevar a frota para 11 veículos – guiados por novos vendedores contratados –, os empresários perceberam que ainda era preciso fazer algo diferente para estabelecer o nome da empresa no mercado.
“A gente viu aquele modelo de negócios e pensou que podia ser uma oportunidade. Nosso intuito era que o produto fosse desejado pelo cliente”, diz Castelo.
A ideia principal foi começar a trabalhar com revendedores. Este processo gerou muita procura e obrigou os empresários a abrirem um “supermercado”, para que os colaboradores pudessem buscar os produtos com maior facilidade.
O modelo de lojas logo foi estendido também para os clientes diretos, que tinham a opção de ir até o local para fazer as compras. Em apenas seis meses, foram abertas sete unidades para a venda de produtos da marca – que, atualmente, já são mais de 250.
Divisão do trabalho
O sucesso repentino, no entanto, trouxe também uma série de problemas aos empresários, que precisaram reinventar a atuação da empresa para continuarem a tocar o negócio sem complicações.
“A gente tinha uma série de canais dentro de empresa: loja própria, venda direta, indústria. Estava muito complexo, então a gente se deparou com dificuldades administrativas”, explica. Como outras pessoas tinham interesse em trabalhar com produtos da Ecoville, a solução encontrada foi a venda de seis dessas lojas. A medida fez os empresários perceberem que este modelo de vendas funcionava melhor nas mãos de um dono do que nas de colaboradores, levando à criação das lojas licenciadas.
Em 2016, porém, esta formatação evoluiu para o sistema de franquias, em que o colaborar precisa pagar royalties. Em troca, a empresa oferece muito mais retaguarda. “A gente consegue enxergar tudo e ajudar com relação à gestão”, afirma Castelo.
A estratégia foi sucesso imediato. O franchising levou novos colaboradores a procurarem a Ecoville. Em pouco mais de três meses do início das vendas, foram vendidas mais de 100 unidades, expandindo ainda mais o alcance dos produtos da empresa.
Resultados e projeções
Por tudo isso, Castelo fala de 2016 como um ano superior a 2015 em relação ao faturamento. Apesar de soar estranho, o empresário diz enxergar a crise econômica como um dos motivos para o crescimento da Ecoville.
“Quando começou a crise, a gente sabia que ia ter um ano muito bom. Sem demagogia. A crise é um momento de oportunidade para quem trabalha com um produto que não é líder de mercado. As pessoas começam a avaliar se podem abaixar o custo de vida, então começaram a experimentar nossos produtos”, avalia.
A Ecoville agora se prepara para investir em tecnologia. Castelo conta que a empresa está desenvolvendo um aplicativo que seria como o “Uber dos produtos de limpeza”. O consumidor que precisar de algum produto da empresa poderá usar a ferramenta para solicitar a visita do revendedor que estiver mais perto de sua localização atual – ou encontrar a loja mais próxima, se preferir.
Com este passo, a Ecoville deve concretizar a transformação de seu negócio. Quem acionar um revendedor com poucos cliques, diretamente da tela do celular, jamais vai imaginar que tudo começou dentro de uma Kombi, com um pai e dois irmãos em busca de um sonho que, até então, parecia distante.